Virgindade Leiloada romance Capítulo 25

Murilo

Quando o médico entrou na sala, eu não gostei nenhum pouco da forma como ele olhava para a minha mulher e pensei seriamente sobre pedir para que a Virginia fosse atendida por outro profissional.

Não o fiz, no entanto, pois aquele era apenas um atendimento de urgência e logo estaríamos fora daquele hospital e dos olhares cheios de interesse que o médico estava direcionando para a mãe do meu filho.

— Sou Alberto Clifford, fui o médico que a atendi quando chegou ao nosso hospital. — Ele se apresentou, pois quando chegamos não houve tempo para tais cordialidades.

Reconheci o sobrenome de algum lugar, mas, no momento estava tão absorto na situação da Virgínia, que nem mesmo me preocupei em tentar me recordar de onde seria.

— Sou obstetra e estou acompanhando o seu caso de perto. — Ele continuou a dizer. — Você já deu início ao seu pré-natal, Virgínia?

Considerei a sua forma de se dirigir para a minha mulher íntima demais e fiz uma expressão de desagrado.

— Ainda não, doutor. — Ela negou, me fazendo virar imediatamente para olhar em sua direção. — Minha primeira consulta está marcada para depois de amanhã.

Ele lançou um olhar que me chamou ainda mais atenção que o anterior e fiquei bastante preocupado, pois o médico parecia ter algo sério a falar e aguardei, sem demonstrar a ansiedade que estava sentindo pelas palavras que se seguiram.

— Quando foi a última vez que fez exames de rotina? — Perguntou, me deixando ainda mais aflito.

— O senhor pode ir direto ao ponto, doutor. — Falei, sem conseguir me conter.

Virgínia me encarou com evidente irritação, me repreendendo apenas com o seu olhar em minha direção.

— Deixe que o doutor faça o seu trabalho, Murilo. — Ela acabou dizendo.

O médico olhou em minha direção e, para minha consternação, ele também me encarou com irritação, assim como a própria Virginia estava fazendo naquele momento.

— Ele é seu marido ou namorado? — O cara de pau teve a audácia de perguntar.

— Não temos nenhum tipo de relação, doutor.

Cheguei a pensar que estava em uma partida de tênis, pois olhei de um para o outro sem conseguir acreditar no desenrolar da situação.

— Posso pedir para ela sair, então. — Ele continuou a me surpreender.

— Eu sou o pai do bebê e tenho todo o direito de saber, caso esteja acontecendo algo com a gravidez da minha mulher! — repliquei.

Eu estava me sentindo muito indignado com a atitude da Virgínia e ainda mais com a postura daquele médico idiota.

— Eu não sou a sua mulher, Murilo. — Virginia me desmentiu, na frente do babaca. — Mas o senhor pode falar o que precisa diante dele, doutor. Ele é o pai do bebê, realmente.

Quase não conseguia me conter a tempo de fazer uma careta vitoriosa para o médico metido a garanhão e apenas dei um sorriso de canto, feliz por ela ter consentido em que eu permanecesse no quarto e que pudesse ouvir o que ele tinha a dizer.

— Tudo bem, então. Se a senhorita preferir assim. — Ele ainda teve o disparate de dizer. — Os seus exames apontaram um quadro muito sério de anemia, Virgínia.

Enquanto ela abria os olhos ao máximo, espantada pela revelação, eu fiquei imediatamente tenso e nervoso. Isso era realmente algo com que se preocupar, diante da gravidez da Virgínia.

— Algo que possa ser controlado apenas com uma alimentação mais saudável ou vai ser necessário o uso de medicamentos? — Perguntei ao babaca, esquecendo agora a divergência que acabamos de ter.

— Vai ser necessário um acompanhamento muito rigoroso do seu quadro, Virgínia. — Ele falava olhando exclusivamente para a Virgínia.

Tentei me controlar, para não demonstrar todo o meu aborrecimento com a postura do médico, pois as suas palavras eram importantes, mas estava sendo difícil, diante da atitude pouco amistosa dele.

— Também será necessário a prescrição de vitaminas, medicamentos e uma dieta rica em ferro, diante do quadro tão intenso de anemia.

— Como isso pôde acontecer? — Perguntei, pois a Virgínia parecia estar em choque.

Segurei novamente a mão dela, que estava gelada e parecia estar até mesmo tremendo, o que me fez olhar para ela com atenção e tentar passar um pouco de tranquilidade, pois ela não podia ficar naquele estado.

— Tudo indica que a Virgínia já vinha com um quadro avançado de anemia e, ao ficar grávida, isso só se complicou ainda mais. — Ele agora falou olhando para as nossas mãos unidas. — Por isso perguntei quando tinha sido a sua última bateria de exames.

— Eu não lembro, doutor. — Ela falou e sua voz era quase um sussurro, de tão baixa. — Faz bastante tempo, pois antes eu só visitava o médico quando estava doente.

Ela ficou visivelmente constrangida com aquela confissão e, mais um vez, apertei a sua mão em forma de apoio, pois não era o momento para julgamentos. A única coisa que importava agora era tratar o problema.

— Tudo bem, Virgínia. — O médico pareceu pensar da mesma forma que eu. — Isso acontece com grande parte das pessoas. O importante agora é tratarmos do quadro e que você fique o mais saudável possível na sua gestação.

— Eu pretendia dizer exatamente isso. — Falei, o encarando de cara fechada.

— Como ainda vai para a sua primeira consulta, gostaria de me oferecer para acompanhar a sua gravidez.

Não pude acreditar em tal oferta e estava prestes a recusar que aquele abusado fosse o médico da Virgínia, mas ela ficou visivelmente satisfeita e, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ela já estava aceitando o oferecimento, com bastante entusiasmo até!

— Eu adoraria, doutor. — Virginia disse, parecendo de repente bastante empolgada.

— Mas e a sua consulta que já está agendada, Virgínia? — Não aceitaria que ela fosse acompanhada por aquele médico, de forma alguma!

— Eu vou passar o meu contato e o contato da minha clínica e você pode entrar em contato para agendar uma consulta para amanhã mesmo. — Ele rapidamente se dispôs.

— Muito obrigada, doutor Clifford. Fico muito grata por sua gentileza em me atender e ainda mais, com toda essa presteza.

— Será um prazer cuidar de você e do seu bebê, Virgínia. — O médico metido a galã disse na minha cara!

— Espero que o “nosso” bebê tenha sempre o melhor, mesmo. — Falei a contragosto, fingindo aceitar aquilo.

Mas, na primeira oportunidade, tentaria convencer a Virgínia a continuar com a sua consulta que já estava marcada. Bastava apenas que nós entrássemos dentro do meu carro.

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