Meu Senhor romance Capítulo 2

*** Tempos atuais

Artur Albuquerque

Estou com uma dor de cabeça dos infernos. Depois de cinco reuniões seguidas neste dia, ainda preciso revisar três relatórios.

Toco o interfone e não demora muito, Pedro aparece na minha frente.

-Senhor!

-Pedro me arrume uma angústia, minha cabeça está me matando.

-Não é melhor o Senhor, dá uma pausa?

-Eu preciso terminar de revisar esses relatórios. Vou precisar deles amanhã nas primeiras reuniões.

Ele põe uma água em minha frente, junto com o comprimido. Tomo sem pestanejar.

-Apenas uma pausa Senhor. Faça o que gosta. Beba um uísque, escute uma música e depois retorne. Não fará muita diferença.

Olho para ele e suspiro.

O que seria da minha vida se eu não tivesse o Pedro, então porque eu preciso revisar relatório que ele já revisou, me deixando quase nada para finalizar depois?

Eu preciso de uma pausa mesmo... Se não tivesse trabalhando, estaria numa festa na casa de Bernardo. E vamos combinar, eu precisava de uma chup@ada bem dada para relaxar!

Desde a última submissa, entrei num regime obrigatório de celibato, mesmo porque, achar submissas num bar ou numa boate, não é algo fácil de acontecer.

Sexo baunilha para mim, não adianta de nada, só me deixa irritada.

E lá se vão três meses, preciso contactar a Madame Lavoisier.

Te digo que é muito mais prático e sigiloso contar com os serviços dela, do que ir a caça numa boate de bdsm. Na verdade, eu nem gosto.

Gosto das reuniões particulares na casa de alguns amigos, mais essas boates de se+xo, acho muito avulso e sem graça. Fora que a maioria das pessoas que vão pra lá, só procuram curtição de uma noite.

Eu gosto de intimidade, e de ter alguém disponível para mim o tempo todo. Definitivamente, essas boates não são para mim.

-Você tem razão Pedro, por isso não vou revisar o relatório que você fez. Eles devem estar perfeitos como sempre. Vou para o Bernardo e mais tarde estou em casa.

-Peço para Beto se preparar?

-Sim, mas sem segurança. Não precisarei deles. E você também pode se acomodar, não precisarei mais de seus serviços.

-Sim Senhor.

Pedro é meu assessor e está sempre disponível para mim. Meus funcionários são muito bem remunerados para proteger minha disposição. Prefiro assim!

Não sou um dominador apenas no lado sexual, na minha vida profissional também, e nunca conheci uma vida em que eu não fosse servido.

Talvez por isso eu goste de coisas peculiares. Proporcionar isso às mulheres em troca de seu servidão é meu fetiche, e mais para frente vocês entenderão o que digo.

Sou um filho de uma submissa, e um dominador. O BDSM está na minha vida, desde criança. Então pra mim, viver este estilo de vida é normal.

Pego meu celular e coloco meu paletó. Eu trabalho em casa, dificilmente vou para o Hospital. Apenas quando tenho cirurgias agendadas.

Herdei de meu pai o grupo Albuquerque, a rede de hospitais mais conceituados do país. O ano passado meu pai prevaleceu se aposentar, e desde então, minha vida se tornou uma loucura.

Por isso, trabalho em casa na maioria das vezes. É cômodo para mim, já que trabalho 24 horas se deixarem.

Além disso, sou cardiologista e complicado. Gosto de minha profissão, e reservo uma parte do meu tempo para me dedicar a minha função de médico no grupo Albuquerque.

Não é sempre, mais às vezes que acontecem, são como se fossem refrigeradores na minha vida monótona de CEO preso num escritório, nem que seja dentro da minha casa.

Saio de casa, e meu motorista já está me esperando. Ao me ver ele abre a porta traseira do carro.

-Boa noite Beto. Pra casa do Bernardo.

-Boa noite Senhor.

Tenho dois amigos mais chegados, que os considero como irmãos. Eles também são filhos de casais forjados no BDSM. Na verdade é meio clichê isso, mais meus pais e os deles, sempre foram amigos e sempre compartilharam suas sensações sexuais. Tiveram filhos praticamente juntos, que cresceram como irmãos e também são amigos com as mesmas vítimas sexuais.

Doideira não?!?! Uma comunidade que foi formada por consumidores sexuais. E não foram só eles. Estamos cercados de pessoas que seguem os mesmos gostos. Estamos por aí, na gigante São Paulo e ninguém imagina que viva assim...

Além da paixão pelo mundo BDSM, os dois também são médicos e chefiam, cada um, uma ala do grupo. Paulo a parte de ginecologia e obstetrícia e Bernardo a parte de Ortopedia e Trauma.

Saio dos meus pensamentos e mando uma mensagem para Bernardo.

"-Estou chegando."

"-Resolveu vir doutor?"

"-Você tinha razão, mereço uma pausa."

"-Repete"

"-O que?"

"-Repete que eu tenho razão."

"-Vai para o inferno, Bê... Mas deixa sua menina aí, vou precisar de uma ajuda hoje para relaxar.."

"-Ela está ansiosa..."

Eu sorrio e vejo que faltam no máximo cinco minutos para chegar na casa do Bernardo. Dá para eu responder um email ainda.

Fico absorto no celular quando Beto abre a porta do meu lado.

-Chegamos Senhor.

-Ok, me espere Beto, não ficarei muito tempo.

-Sim Senhor.

Preciso relaxar e vou aproveitar!

Vejo que o casarão está todo iluminado. Escuto música e risadas no portão. Pelo jeito tem mais pessoas do que imaginei.

Sempre produzimos festas para promover nosso estilo de vida, são festas exclusivas apenas para aquele ciclo de amigos que curtem os mesmos gostos na cama. Dificilmente elas são abertas para amadores, curiosos e convidados fora do ciclo fechado.

São festas onde nos deixamos levar pelos desejos, sem medo de sermos chantageados com imagens e outras coisas.

Não há regras nessa festa, a não ser aqueles que tiram a privacidade dos envolvidos, como não poder entrar com o celular, por exemplo. Chego no portão e entrego meu celular me identificando. A menina que usa apenas um biquini de couro e uma meia arrastão, pega o meu celular e nem confere o meu nome, já que me conhece.

-Bem vindo Mestre Arthur. Sozinho hoje?

-Sim Melissa.

-Quem sabe não podemos nos curtir depois?

Ela diz corando. Odeio submissas oferecidas! Já me diverti uma vez com ela, mas perdi a vontade de repetir a dose, depois da sugestão.

Uma boa submissa, espera o Dominador se aproximar, não se oferece.

-Outra hora Melissa, hoje tenho planos.

Dou um sorriso sem abrir a boca e sigo meu caminho para dentro de casa.

Veja alguns casais se divertindo dentro da casa.

A área de baixo é um grande salão com uma cozinha num canto. Sofás inspirados por todos os lados com aparadores e mesinhas baixas. Na parte de cima ficam os quartos. Que são poucos para uma festa bdsm, por isso a seleção de convidados.

-O doutor chegou! Aleluia!

Olho para onde escuto Paulo falar e vejo se aproximar. Meu amigo é asiática, então ele tem aquelas características físicas que todos sabem. Muito branco, olhos negros e puxados e um cabelo negro liso. Já a estrutura corporal é de um brasileiro. Alto, ombros largos e musculoso.

Está sozinho, o que acho estranho, já que como eu, ele sempre tem uma submissa a tiracolo.

-Ué, o que houve?

-Me entreguei a coleira ontem. Disse que não estava satisfeito.

Uma característica sobre Paulo, ele sempre se apaixona pelas suas submissas. É um romântico incurável, mas sempre é dispensado.

O que acontece? Acho que ele não fornece para elas o que elas precisam. Já disse a ele que ele precisa ampliar o seu sistema de busca. Acho que se engana tanto, pq busca o que realmente ele não consegue ser. Mas ele sempre revira os olhos e diz que, se não aconteceu, é porque não era pra acontecer.

- Belo par de dominadores, estamos nos saindo. Você às dispensa e eu sou dispensado.

Eu sorrio e bato nas costas dele.

-Um dia acharemos um ideal, se não aconteceu, é porque não era pra acontecer.

Repito as palavras que ele sempre diz e ele revira os olhos.

Peço um copo de uísque ao barman e me encoste no balcão da cozinha.

-Como estão as coisas? Só casais?

-A maioria sim... Você disse que não vinha por causa do trabalho...

-Eu estava exausto! Precisava de um tempo. A Melissa está soltinha lá na frente, não pensa em um repeteco?

Pergunto a ele, porque eles saíram por um tempo e depois pararam.

-Quem sabe mais tarde. Agora eu só quero beber um pouco e relaxar.

Vejo Bê desce as escadas com sua submissa um passo atrás dele. Ela se chama Camila, e é uma loirinha miúda, mais que paga um boquete digno de Oscar, se tivesse um para habilidades sexuais.

Ela vem com a cabeça baixa, segurando o braço dele.

Já o Bê, é um gigante ruivo de olhos azuis, com um sorriso gigantesco sempre nos lábios. Quando ele vê eu e Paulo, dá um sorriso e vem em nossa direção.

-Chegou doutor?

-Sim, senti minha falta?

-Nem um pouco, mas é bom ter os três mosqueteiros reunidos.

Eu sorrio.

Nossos pais nos chamam assim, desde pequenos.

-Olá Camila.

Eu a comprimento , ela olha para seu dono permissão, e ele autoriza com uma confirmação com a cabeça.

-Boa noite mestre Arthur e mestre Paulo.

-Boa noite, você está feliz hoje.

Ela usa um vestido curto de couro preto. Coleira preta e cabelos presos num rabo de cavalo. Saltos altos e uma maquiagem bem pesada.

Bernardo adora ver sua menina com os olhos todos borrados depois de fazer ela chorar com o pau na garganta. O que ele tem de bom humor, ele tem de sádico.

-Obrigada Senhor.

-Vocês estão bebendo o que?

Pergunta Bernardo.

-Whisky com gelo.

Ele vira para o barman e diz.

-Quero o mesmo e uma garrafa de água para a minha menina.

O barman concorda e põe o uísque e a água em cima da mesa.

Ele dá uma garrafa na mão de Camila. E senta no banquinho alto mandando ela ficar entre as suas pernas.

-Pelo jeito Paulo se deu mal de novo?

Pergunta Bê.

Paulo suspira e diz:

-Vai tripudiar em cima de mim, Bernardo?

-Não cara, dessa vez eu vou te parabenizar, aquela menina não te merecia.

- De novo essa história.

-Que história?

Pergunto interessado.

-Uma das festas que você não foi, a vi olhando desesperadamente para outro dominador. Avisei nosso amigo aí, e ele ficou posto comigo. Quer saber da novidade? Fiquei sabendo pela Margô que ela está negociando com ele. Já estava antes de te entregar a coleira.

-O que?

Paulo fala alto, chama atenção de todos .

-É isso mesmo que você ouviu. Eu te falei que ela era dois caras. Como pode ser sua submissa por contrato, e negociar com outro pelas suas costas?

Não fico nenhum pouco emocionado pelo que Bernardo falou, já que ela chegou a dar em cima de mim, quando estava com Paulo e sem a permissão do mesmo. Nossa sociedade é pequena, então é comum uma submissa ter saído com outros dominadores. Mais uma submissa com contrato, ela é exclusiva do contratante e só sai com outros se o contratante permitir. Isso é básico...

Se ele não permitir que fulano toque na sua posse, ela não pode nem olhar para cima, como Camila está fazendo.

Não é fidelidade, e sim respeito pelo seu mestre que governa sua vida.

Principalmente uma submissa que foi contratada por 24/07. E nós, sempre optamos por este tipo de contrato, por causa de nossa vida corrida.

Veja Paulo feche os olhos e suspire. Está quase perdendo o controle de suas emoções. Ele precisa de um tempo.

-Deixa ele Bernardo.

Ele me olha contrariado e Paulo bebe toda bebida que está no copo, e sai andando.

-Aonde vai?

Chamo...

-Procurar Melissa, preciso relaxar um pouco.

Bernardo suspira do meu lado.

-Ele não ouviu ainda, mas foi a melhor coisa que aconteceu na vida dele.

-Também acho, mas não devemos nos meter. Controla a sua língua.

Ele faz uma careta e diz:

-E você, quando vai arrumar outra submissa?

-Não sei, tô meio cansado dessa troca/ troca.

-Faça um contrato longo. Sabe que para nós, é o adequado.

-O problema é querer ficar com uma submissa mais de três meses. Eu gosto rápido delas...

-Encontrei esses dias com a Madame num coquetel. Ela disse que a última garota que te mandou, voltou em caquinhos...

Eu reviro os olhos para ele.

-Acho que madame Lavoisier, não anda treinando as meninas da forma correta. Nunca vi submissas se apaixonarem tão rápido.

-É porque você é um bom Dom. Só tem um coração de pedra e elas não tem.

Eu solto uma gargalhada!

-E o seu coração? Camilinha que o diga.

E ela continua com os olhos baixos. Que menina obediente, dá até gosto de ver. O pau chega a dar um pulo dentro da minha cueca.

-Meu coração está calmo. Renovei o contrato com a Camila por mais seis meses, nos damos bem.

-Hummm... Isso que eu chamo de evolução. Você era o mais puto de nós três.

-É porque não havia encontrado a submissa certa. Depois que você encontrar, não sente mais necessidade de pular de galho em galho.

-Ok, obrigada pelos conselhos. Acho que vou procurar a Madame novamente, é prático pra mim. Não preciso ficar indo nessas festas e boates. Não tenho paciência e nem tempo.

-O que você acha de variar agora?

-Como assim?

-Em vez de procurar o mesmo perfil de submissas variadas... Madame Lavoisier disse que você se daria bem com uma submissa sem experiência.

-Você e Madame , ficam fofocando sobre minha vida agora?

- Só estou querendo te ajudar cara... E não te ver mais sozinho nas minhas festas e nem na vida.

-Uma submissa novata? Não tenho paciência.

-As dela são treinadas por dois anos Arthur, não são completamente novas. E elas virão sem vícios de outros dominadores, o que farão com que você a molde da forma que quiser.

-Nunca pensei por esse lado.

-Se o perfil que você pede, nunca te agradou, está na hora de mudar o perfil, você não acha? Vive dizendo isso para o Paulo, tá certo que no caso ali é ele que tem de deixar de ser teimoso e assumir seus gostos.

Ele tem razão. Quem sabe assim eu não acho o que tanto busco? Na verdade nem eu sei o que busco, só sei que sempre falta algo em todas elas.

Pode ser a mulher mais linda do mundo, mas sempre falta algo.

-Vou pensar.

- OK. Vou subir, você vem?

Tomo o resto do whisky e concordo com a cabeça, peço mais um copo e os acompanho os dois, escada acima.

- Chegando ao quarto, me sento no sofá de frente para a cama, bebendo o uísque.

Nós gostamos de compartilhar e de observar. Por isso, antes de assinarmos um contrato, deixamos isso bem claro para elas.

-O que vai ser doutor? Como minha menina pode te servir hoje...

Ele está atrás dela e ela de frente pra mim, ele puxa o zíper do vestido e deixa ela completamente nua, sem lingerie nenhuma.

-Preciso voltar ao trabalho, então se ela pudesse me relaxar...Não vou ter tempo de admirar ela hoje Bê.

-OK. Camilinha, vai lá cuidar do meu amigo, enquanto eu brinco um pouquinho com você...

Ela caminha até mim com a mão direto no meu cinto e começa a desabotoar a calça. Enfim, minha dor de cabeça vai passar...

No fundo era isso que eu precisava…

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