Meu Senhor romance Capítulo 87

Eduarda Amorim

Meu despertador toca, esqueci de desligar ele ontem.

Merda! Não consegui dormi muita coisa. Desligo e volto a deitar entre as cobertas.

Meu Senhor não está aqui, mais ontem ele deitou comigo.

Chegamos tarde ontem da delegacia. Ele cancelou todas minhas tarefas de hoje, para eu descansar. Então fico surpresa por ele não estar dormindo ao meu lado.

Me levanto da cama e procuro meu roupão...com meus sogros dormindo no casarão, não vou ficar andando nua por aí.

Amarro ele bem na cintura e saio do quarto a sua procura. Só quero saber se ele está bem.

Eu sei que não deveria fazer isso. Se ele não está no quarto, é porque precisa estar em outro lugar, longe de mim... Mas depois de ontem, achei que ficaríamos juntos. Pelo menos eu queria que fosse assim.

Fiquei tão assustada com tudo que aconteceu, que me agradaría muito estar ao lado dele o dia todo. Agarradinha...

Também queria pedir desculpa a ele, por ter insistido com Ítalo de ir num banheiro afastado. Se não tivesse feito isso, talvez eu não teria sido sequestrada.

Ontem quando cheguei, fiquei tão aliviada em ver que  Ítalo estava bem. Realmente eu temi pela sua vida. Temi que por causa de minha imprudência,  o tivessem machucado. Ainda bem que nada de grave aconteceu.

Bato na porta de seu quarto e ninguém me responde, abro a porta devagar se caso ele estiver dormindo, para não acordar. Mais a cama está feita.

Vou em direção a academia e nada.

Ué, já passa das sete. Aonde ele está?

Vou no quarto de jogos e no escritório e nada. Talvez esteja fora da área da submissa.

Começo a me afastar quando vejo a porta que dá para a piscina aberta.

Vou até lá e o encontro deitado no chão, com as pernas dentro da piscina, ao seu lado uma garrafa de whisky e um copo vazio.

Merda! Meu senhor se embebedou?

Isso nunca aconteceu...

Vou até ele e verifico se ele está bem. Está apenas dormindo...

Como vou tirar ele daqui? daqui a pouco o sol vai está batendo, e do jeito que ele está, é perigoso ficar perto da piscina. Preciso de ajuda!

Me levanto novamente e vou em direção a saída da Ala. Eu sei que não posso sair desta ala, sem permissão, mais é uma emergência!

E nem sinal da Açucena!

Logo vejo minha sogra e meu sogro na mesa de jantar. Eles ficam surpresos quando me ver.

-Bom dia Senhora Eleonora, Senhor Armando!

-Oi querida, não imaginei que estivesse já acordada.

-Senhora, precisa de algo? - pergunta Açucena me olhando.

-Arthur está dormindo na piscina. Se embebedou... Vim pedir ajuda para tirar ele de lá...

Todo mundo fica espantado, olhando pra mim. Pois é, eu também não entendo como foi acontecer!

-Vou chamar Barreto... -Açucena parece assustada e começa a sair da sala, quando meu sogro se levanta da mesa e diz.

-Nao Açucena, deixa que eu resolvo. Faça um café bem forte para ele. Vamos querida, eu vou te ajudar!

-Eu também vou... -Diz minha sogra se levantando da mesa e vindo na minha direção.

-Eu não sei o que aconteceu, ele nunca fez isso! -falo para eles.

Porque ele se embebedou? Será que tudo que aconteceu ontem, mexeu tanto assim com ele?

-Ontem foi um dia difícil querida, para todo mundo. Vai ver ele não estava conseguindo dormi. - diz meu sogro para mim.

Vamos andando para a piscina e ele continua na mesma posição. Ressonando no chão.

Meu sogro se abaixa e balança ele para acordar. Ele resmunga, mais não acorda. O pai continua tentando acordar ele...

-Me deixa pai...

-Você está dormindo na piscina... Quer que seus empregados te vejam desse jeito, bêbado igual uma gambá?

-Não... Me deixa dormi aqui... Eu não consigo dormi, pensando no que poderia ter acontecido. Eu precisei pai...

-Eu sei... Mais vamos dormi na cama... Aqui não é lugar, daqui a pouco vai está batendo sol, vem! Se não eu vou ter que chamar alguém para me ajudar?!?

Ele levanta contrariado, meu sogro o ajuda. Ele me olha e diz.

-Porque Duda? Porque não me ama como eu amo você?!-Eu abro a boca e fecho sem saber o que dizer.Como assim?-Às coisas seriam muito mais fáceis se ela me amasse pai...

Ele fala como se eu não tivesse presente.

-Filho, cala a boca!

-O quê? É verdade... Tudo seria menos complicado... Eu não preciso de um contrato pra saber que ela é a mulher da minha vida, sabia?

Olho para a minha sogra assustada, e ela está com um sorriso enorme no rosto, parecendo um coringa...

Senhor!

Será que é verdade o que ele está dizendo?

Ele atropessa nos próprios pés, e meu sogro quase caí com ele.

-Arthur, me ajuda a te levar... Se concentra...

-Porque pai? Porque as coisas são tão difíceis...

-Eta que a bebida entra, e a verdade sai... - diz minha sogra murmurando do meu lado.

-Duda, pode deixar ele comigo... Eu vou cuidar dele... Porque não vai tomar o seu café? Ele vai ficar bem...

Diz meu sogro, nitidamente me dispensando.Ele sabe que Arthur vai ficar puto, se descobri que eu fiquei bisbilhotando, num momento de vulnerabilidade dele. Ele conhece bem o filho.

Eu concordo e começo a sair.

Ouço quando ele diz para minha sogra.

-Vá com ela Eleonora... Deixe que eu cuido dele ...

Ela vem ao meu encalço.

Será que Arthur disse é  verdade? Ele me ama? Ou será que era só um delírio causado pela bebida?

Entro no meu quarto e vou direto para o meu banheiro, nem vejo se minha sogra entrou junto. Eu só quero um momento sozinha, para pensar no que acabei de ouvir.

Ele me ama?

Não .. não pode ser... Ele nunca se apaixonou por outra pessoa...

Ele é o cara que acaba com seus relacionamentos, com três meses de contrato.

Porque ele se apaixonaria por mim?

Tá certo .. nos entendemos muito, temos uma cumplicidade que casais normais não tem, querer manter uma relação por esses motivos eu compreendo, mais amar?

Ele nunca quis casar... Ele nunca acreditou em relacionamentos baseados no bdsm. Ele nunca quis filhos, e a maioria das brigas que ele tem com os pais, é por causa disso. Porque eles cobram que ele construa uma família.

Então só pode ser um delírio causado pela bebida não é?

Ele só ficou preocupado ontem... Só isso...

A cabeça ficou confusa... Ficou com medo de que algo acontecesse comigo, estando aos seus cuidados. Sob sua proteção. Pode ser delírio da bebida. Claro que pode!

Mas e se ele descobriu que me ama de verdade? Quer dizer, todos meus problemas estariam resolvidos. Eu poderia abaixar minha guarda, e finalmente assumir para ele que também estou apaixonada! Que só quero está com ele para sempre. Isso seria perfeito!

Eu começo a ri dentro do banheiro. Meu coração começa a ficar quentinho, e eu começo a acreditar em tudo que minha sogra sempre me disse...

Ele me ama! Seria tão perfeito!

Tiro o roupão e entro no chuveiro. Preciso de um tempo sozinha para pensar... E nada como um banho quentinho para isso...

"Eduarda toma jeito, não construa castelos de areia, baseados em delírios de um bêbado." - diz minha consciência.

Mas se fosse isso, muita coisa estaria explicada.

O cuidado estremo que ele tem, a possessividade ao meu redor. O sexo baunilha que sempre fazemos, e que ele nunca fez com nenhuma outra, segundo Sabrina, até ele não falar sobre o contrato se encaixaria. Talvez estivesse com medo da minha resposta. Principalmente nesta fase em que seus dois irmãos, estão com problemas com suas submissas.

Pode ser medo de me propor um relacionamento e eu não aceitar...

Eu suspiro...

Mais Arthur com medo?!?! É algo que não combina com ele!

Eu não consigo parar de pensar e cogitar...

Ele odiaria saber disso, saber que estou pensando sobre coisas que se ele não me disse, é porque não quer que eu saiba. A atitude do meu sogro só comprova isso.

Suspiro mais uma vez e resolvo ficar na minha. Esperar ele resolver a situação.

Isso! Vou esperar ele curar do porre... Provavelmente seu pai vai dizer a ele o que ele disse enquanto bêbado, mesmo não lembrando de nada. Então provavelmente ele vai me chamar pra conversar, não é?

Seria o certo a fazer... E então quando ele me chamar pra conversar eu falo o que sinto.

Aí resolvemos o que fazer!

E a opção acertado a fazer, não é?

Desligo o chuveiro, começo a me secar e a secar o cabelo. Preciso sair deste banheiro, e encarar minha sogra e suas perguntas. Porque ela não vai deixar passar as declarações dele. Mesmo sendo surreal isso tudo, eu preciso manter o controle sobre minha emoções, até chegar a hora de conversamos...

*************

Arthur Albuquerque

Acordo com uma dor de cabeça infernal.

Merda Arthur! Vc bebeu aquela garrafa de whisky toda mesmo???

Me levanto da cama com a mão na cabeça e dou de cara com meu pai, sentado na poltrona do lado da minha cama...

-Que horas são?

-Três horas da tarde...

-Merda! Eu tinha que trabalhar.

-Está tudo sobre controle, Pedro, Bernardo e Paulo deram conta de tudo. De vez em quando, é bom tirar um dia de folga.

Eu suspiro... Aos poucos minha memória vai voltando com flashes.

Vejo uma Duda assustada na minha frente.

Vejo meu pai me escorando para o quarto, me botando debaixo do chuveiro. Eu bebendo algo muito forte amargo.

Eu gemo de dor.

Ele me dá um copo e um analgésico.

-Foi tão ruim assim?

-Depois de uma garrafa de whisky? Sim foi... Se lembra de algo?

-Só você me carregando para o quarto...

-Você dormiu na beirada da piscina. Quem te achou foi Duda. Ela foi chamar por ajuda pra te tirar de lá.

-Merda! Algum funcionário me viu assim?

-Só Açucena.

-Falei muito besteira pai?

-Só disse que a amava, perguntou porque ela não te ama igual...

Ele começa a ri, e eu escoro a minha cabeça na cabeceira da cama e fecho os olhos.

Merda! Merda! Merda!

Por isso que eu sou tão controlado! Porque quando eu tomo um porre eu falo muita merda...

Eu viro um carente! Fico pedindo para as pessoas me amarem...

Quase nunca isso acontece!

Aonde eu estava com a cabeça pra me descontrolar?

Eu sei aonde eu estava com a cabeça. Na verdade eu não estou sabendo lidar com os meus sentimentos por ela.

E de tanto pensar na merda que foi ontem, acabei perdendo o limite de que eu posso beber.

-Você tem que conversar com ela...- ele me olha sério.

-Pai...

-Cala a boca e me escuta... Para de ser teimoso... Converse com ela... Você só bebeu porque está confuso sobre tudo que está passando aí dentro (ele aponta para o meu coração). Para de guardar essas coisas. Seja sincero, fale sobre seus medos, sobre suas inseguranças. Porque todos nós temos elas. Você pode ser o cara mais bem resolvido do mundo, mais sempre vai ter uma coisa que vai te fazer um garotinho.

Eu suspiro...

-Eu vou ter que conversar mesmo, já que falei isso tudo para ela bêbado. Isso se ela não resolver terminar o contrato.

-Porque ela terminaria?

-Porque ela não sente o mesmo?

-Arthur, já parou pra pensar... Só por um momento... Que ela possa sentir o mesmo? Que possa estar insegura pelo mesmo motivo que você? Por achar que você não gosta dela?

-Nao sei pai...

-Só vai saber se parar de ser orgulhoso e prepotente. E ir falar com ela... Tudo se ajeita com uma conversa. Você não vai ser fraco por confessar seus sentimentos. Se não der certo... Se ela não gostar de você... Tudo bem... Bola pra frente ... Mais para de empurrar essa situação com a barriga, vocês estão sofrendo...

-Ok pai! Agora vou tomar um banho, porque estou me sentindo um idiota e isso já é o bastante, não quero me sentir um idiota sujo também.

Estou fedendo! Pqp!!!

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