Meu Senhor romance Capítulo 85

Eduarda Amorim

Acordo desorientada, não me lembrando de nada. Só sinto minha boca seca e minha cabeça dói.

Aonde estou? Olho ao meu redor e vejo um quarto luxuoso.

Uma cama de casal com dossel, móveis claros e vitorianos. Nunca estive neste quarto, como vim parar aqui? Me sento na cama e olho ao meu redor. Estou sozinha...

Aos poucos minha memória vai voltando. Olho para a minha roupa e começo a me lembrar dos eventos que antecederam a tudo.

Merda! Eu fui raptada?

Boto a mão na cabeça e ela dói mais ainda. Olho para a porta do quarto e está fechada.

Quem me raptou? Nossa, meu senhor deve está desesperado. E Ítalo? Como conseguiram me tirar do banheiro sem Ítalo ver?

Me levanto da cama com dificuldade e vou até a janela. Já é noite, tento abrir mais não consigo. Está trancada.

Vou até a porta e tento abrir também não consigo . Volto para cama e me encolho na cabeceira.

Meu Deus, aonde eu estou...

Procuro minha coleira e meu cordão, e nenhum dos dois estão no meu pescoço.

De repente a porta se abre, e Mônica entra com uma bandeja. Ela sorri pra mim, fechando a porta com chave e botando a chave no bolso da calça e a bandeja, em cima de uma mesa no canto.

-Trouxe pra você, deve está com fome...

-Mônica aonde estou?

-Na casa do mestre.

-Que mestre? Como você me trouxe pra cá?

-Ele vai responder todas as perguntas que tiver na hora certa.  Eu sou sua nova babá, e o meu dever, é cuidar da senhora.

Ela sorri pra mim, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

-Qual é o nome do mestre?

-Nao estou autorizada a te dizer senhora. Por favor venha comer, você dormiu por cinco horas, deve está com sede e faminta.

-Você me drogou Mônica...

-Apenas te ajudei a dormir senhora, não tinha como te tirar de lá sem a senhora está adormecida.

Ela parece louca... Como assim teve que me tirar de lá? Que novo mestre é este?

-O que fez com Ítalo?

-Nada Senhora...

Então como ela conseguiu me tirar da faculdade sem Ítalo ver?

Vou até ela e me sento na mesa bebendo um pouco de água.

-Tome esse comprimido para sua dor de cabeça, senhora!

Ela me dá sorrindo.

-Quando vou conhecer seu mestre?

-Daqui a pouco, em breve será seu mestre também.

Ela continua a sorrir...

Que merda é essa?!

*****************

Arthur Albuquerque

Estamos na minha sala. A polícia, meus seguranças, Bernardo, Paulo e Pedro.

Já são seis horas que ela sumiu... Nenhuma pista ainda.

Não chamei a polícia logo que aconteceu, seguindo os conselhos de Bernardo e Paulo, resolvemos primeiro procurar por nós mesmos. Ficamos com medo de envolver a polícia, e os sequestradores descobrirem. Nossos seguranças, e até o detetive que as vezes contrato para fazer algumas investigações, se empenharam em descobrir algo. Mais não conseguiram muita coisa. Já que não houve testemunhas. A faculdade não tem câmeras de segurança naquela área específica. Os seguranças da faculdade, estavam investigando as câmeras, para ver se encontravam algo suspeito, mais até agora nada. Eles armaram tudo muito bem.

Sem opções e nenhum sequestrador entrando em contato, Barreto achou melhor chamar a polícia. Agora um investigador  está aqui, com meu telefone grampeado esperando alguma ligação dos sequestradores de Duda. Ele agora toma depoimento do Beto e Ítalo. Como se fosse adiantar algo, eles não viram nada.

Ítalo apenas sentiu algo batendo na sua cabeça e fazendo ele desmaiar. Acordou com Beto o chamando e um belo galo na cabeça. Chegaram no banheiro a bolsa da Duda estava no chão com tudo dentro, inclusive o celular, a coleira e o cordão que dei a ela.

A pessoa que a sequestrou sabia que o cordão era uma medida de segurança. Ele continha um chip de localização.

-Senhor Arthur, como soube da existência dessa jóia?

-Meu pai. Ele presenteou uma vez minha mãe com um cordão com um pingente parecido. Eu também tenho um anel igual. Era uma medida de segurança.

-Você poderia nomear as pessoas que poderiam saber disso? Do seu meio?

-Você acha que quem sequestrou Duda, nos conhece?

-Provavelmente...

-Senhor detetive, ela fez comentários sobre a jóia de Duda. A menina...

-A Mônica?

-Sim, não deu para ouvir muita coisa, só vi ela analisando o cordão.

-Essa menina? Vc a conhecia?

-Não... E eu mandei meu segurança a investigar. Ela não tinha nada que pudesse me dizer que ela era perigosa. É uma menina comum...

-Nunca sabemos doutor! Você não desconfia de ninguém?

O investigador me pergunta...

E o primeiro nome que me vem a mente é do Silvio. Mais será que ele seria capaz de fazer algo assim?

Destruir a amizade de anos com a minha família, por causa da obsessão com uma menina?

Olho para o Barreto e ele confirma com a cabeça.

-Tinha uma pessoa. Um amigo de meu pai, chamado Sílvio. Nosso último encontro não foi amigável e ele tinha um certo fascínio por minha namorada. Mais ele é amigo da família, acho improvável ele fazer esse tipo de coisa.

Escuto um falatório na porta, e vejo minha mãe e meu pai entrarem no casarão.

Pedi para Bernardo avisar a eles o que tinha acontecido, ainda agora. Eu estou me sentindo anestesiado. Se não fosse os meninos e Barreto, eu acho que ainda estaria sentado no sofá dessa sala, sem saber o que fazer. Parece que um pedaço do meu coração foi arrancado do meu peito.

Eu não imagino a minha vida mais longe dela. Porque foram fazer isso com ela? Fizessem comigo! Eu aguentava, mais ela? Uma pessoa boa ... Duda não seria capaz de fazer mau a uma mosca.

-Oi meu filho!

Eles vem em minha direção, e minha mãe me abraça e começa a chorar.

-Pai...

Porque meu pai trouxe minha mãe? Ela não tem que passar por isso, ela não tem que lidar com a dor da perda mais uma vez.

-Ela quis vir... Ela tem algo importante pra falar com vocês. -ele fala me olhando.

Eu enrrugo a sobrancelha e olho para a minha mãe.

Ela se recompõe e fala.

-Ela estava com a pulseira?

O que?

-Mãe, está preocupada com a pulseira?

-Arthur ... Houve a sua mãe... -meu pai fala ralhando comigo.

-Ela estava sim Senhora... -Diz Ítalo para ela.

-Um dos pingentes tem um localizador.

-O que?

Demoro a entender. Um localizador? Ela sabia dos pingentes localizadores? Achei que minha mãe era leiga nessas coisas.

-Eu sei que o cordão que você tinha dado a ela tinha um localizador. Sabia que não tinha dado aquela jóia só por dar. Mais eu também sabia que no nosso meio, quase todo mundo usa esses colares. Silvio sabia disso... E se eu falasse pra você,  diria que eu estava me metendo aonde não era chamada. Quando fiquei sabendo que ele era envolvido com aquilo tudo fiquei preocupada, pois ao contrário de seu pai, eu nunca confiei nele. Então eu encomendei o pingente com o localizador, e inventei a pulseira para justificar o pingente.

Eu me sento no sofá a trazendo comigo.

-Você está querendo me dizer...

-Que se ela está com a pulseira, tem como descobrir aonde está.

Eu largo ela e vou para a bolsa de Duda. Começo a tirar tudo de dentro e não encontro a pulseira.

-Ela não está aí Arthur, eu já procurei... Não tem pulseira nenhuma no meio das coisas dela. -Fala Paulo para ele.

-Mãe, é o mesmo pingente do cordão?

Ela concorda, e me dá o papel com o número do chip.

Eu começo a ri...

-Mãe você é brilhante!

Eu a abraço e a levanto no ar.

Todo mundo ri...

-Temos que ver se ela ainda está com a pulseira Arthur, não cante vitória antes. -ela fala séria.

-Vamos saber... Pedro pega meu notebook no escritório?

-Já estou indo Senhor!

-Se ela estiver com o localizador, já é meio caminho andado.

Fala o investigador animado.

Pedro volta com o notebook e me entrega... Eu começo a procurar o programa do localizador e ponho o número do chip.

Ele lê o número e localiza.

-Ela está na mansão dele no Jardim Europa. Vê se não é esse endereço pai?

Meu pai vem para frente do computador e olha.

-E lá mesmo. FDP! Ele só pode estar louco! Eu nunca imaginei que Silvio fosse capaz de fazer isso. Me desculpe meu filho, eu devia ter deixado você o denunciar.

Ele fala triste ...

- O importante é que nós achamos ela...

-E muito imbecil, como sequestra a Duda e a mantém bem embaixo de nossos olhos? -fala Bernardo revoltado.

-Talvez ele tenha confiado demais, que nunca íamos suspeitar dele... -diz Paulo.

-Vou falar com vocês como amigo... o que vão fazer? Sei que são de familias muito importantes de São Paulo, e esse aí se eu não me engano, é o magnata das corridas de fórmula 1. Enfim, vim aqui em nome da amizade que tenho com Barreto . Não tornei nada oficial ainda.  -  o investigador fala.

-Eu tenho provas contra ele Detetive, quero te entregar pessoalmente e vou acusar sim ele de sequestro. Eu quis ser diplomático até agora fugindo de escândalos. Mais não dá mais, o sequestro da Duda foi a gota d'água.

-Tem certeza Doutor?

Olho para meu pai e ele confirma com a cabeça, olho para Paulo e Bernardo e eles também. Se tenho o apoio deles ao meu lado, não preciso de mais nada.

-Tenho...

-Vou chamar os homens então, e vamos buscar sua menina.

-Eu vou com vocês!

-Não vou proibir de ir, mais tem que esperar nós resolvemos a situação e aí depois você entra.

-Ok!

-Nós vamos com você Arthur. -Diz Paulo e Bernardo confirma.

-Eu vou ficar aqui esperando vocês voltarem com sua mãe.

Olho para a minha mãe, beijo a sua bochecha e falo.

-Obrigada por ser tão intrometida!

Todo mundo ri...

-Mães devem ser intrometidas filho... Pense nisso!

Se ele fez alguma coisa com a minha menina, eu mato ele e quem vai preso, vai ser eu...

Aguenta firme Duda!

Estou indo te buscar! E não vou te largar nunca mais.

******************

Eduarda Amorim

Depois de tomar a água e beliscar a  comida, Mônica saiu do quarto silenciosamente e voltei para a cama.

Meu Deus, aonde será que eu estou?  Será que Arthur já deu pela minha falta?

E se ninguém me procurar? E se ninguém me achar? Será que eu estou em São Paulo? Quem é Mônica? E o mais importante, quem é esse mestre que ela fala o tempo todo?

Porque eu não ouvi Ítalo e não fiquei na fila do banheiro? Porque eu andei um pedação da faculdade , num lugar deserto. Porque eu não desconfiei?

Porque fiz amizade com Mônica? Lembro que meu Senhor, ficou chateado por ter falado com uma estranha.

Eu tenho uma boa parte da culpa por estar aqui.

E se Ítalo se machucou? Porque ele só pode ter se machucado, já que conseguiram me tirar da faculdade.

Coço a minha testa e minha dor de cabeça só aumenta. Vou começando a ficar desesperada. Se eu estou a mais de seis horas em poder deste mestre, eu posso não estar mais em São Paulo.

Ouço a porta abri e olho para lá assustada. A pessoa que vejo na porta, era a única que nunca imaginaria está por trás disso.

Quer dizer?!?! Nunca mais ouvi falar dele... Silvio?!

Ele não está bronzeado como na última vez. Diria que está até pálido. Tem olheiras profundas e está bem mais magro do que me lembrava. Parece que envelheceu uns dez anos, desde a última vez que o vi. Que estranho!

-Porque fez isso comigo?

É a primeira coisa que pergunto a ele. Uma lágrima desce pela minha bochecha e eu a limpo.

-Eu não vou te fazer mau. Eu sei que eu não fui correto em te tirar da faculdade daquele jeito, mais o Arthur não me deixou opções para agir. E eu precisava conversar com você em particular.

-Você me drogou, usou uma menina para me enganar, deve ter machucado meu segurança... O que pretende?

-Eu não me orgulho dos meus meios. Me desculpe por isso! Mais eu só quero uma conversa, depois eu prometo que pode voltar para o Arthur se quiser.

Eu limpo meu rosto mais uma vez. Esse homem é louco?

Como pode trair seus amigos de uma vida inteira, apenas para ter uma conversa comigo?

-Você fez isso tudo para conversar comigo? Vai ser preso por sequestro se te pegarem.

-Eu não me importo, eu sou um moribundo mesmo. Tenho uma doença terminal, segundo os médicos tenho seis meses de vida, então não importa.

Eu olho para ele, e arregalo os olhos.

-Sinto muito Silvio, mais ainda assim, eu não sei o que poderia querer comigo.

-Eu só quero uma noite com você Duda... Uma despedida da minha vida . Eu sempre vivi intensamente, e não me arrependo de nada que fiz. Mais eu preciso de um “Gran finale”. Eu preciso de algo que me faça me lembrar do quanto viver vale a pena.

Eu continuo com os olhos arregalados olhando para ele, sem saber o que dizer.

- Você não quer ajudar um velho moribundo? Um jogo... Apenas um... Depois pode viver o resto de sua vida com o Arthur. E eu nem vou me importar, já que não vou estar aqui para ver isso.

Puta merda!

Continua...

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