O Egípcio romance Capítulo 12

Como se pressentisse minha presença, ele se ergue. Quando me vê, muda imediatamente sua postura. Seus olhos percorrem meu corpo, observando meu vestido creme com preto tubinho que modela meu corpo. O decote é quadrado, um pouco acima dos joelhos.

Eu também reparo nele. Hassan está usando uma calça jeans e a camisa branca está um pouco aberta no peito. Antes de ele se levantar, eu vou logo perguntando:

— E Raissa?

Hassan me estuda, ele nem parece o mesmo homem da festa de ontem, e na hora tive a impressão de que há muitos segredos escondidos atrás desses olhos.

— Oi, Karina. Boa tarde para você também! — ele diz, jocoso.

Eu suspiro.

— Desculpe-me, boa tarde, é que Raissa me ligou e parecia urgente — tento explicar minha falta de educação.

— Entendo — ele dá um sorriso lascivo.

Entende mesmo? Eu me pergunto.

Ele se levanta do sofá, eu estremeço. O cheiro dele e seus olhos intensos sobre mim são uma combinação inebriante. Isso me deixa um pouco desequilibrada.

— Eu vou lá falar com ela — digo, para fugir da presença dele.

— Eu lhe dei um sedativo.

Eu, que me dirigia para a escada, paro e o encaro. Meu coração bate mais duro contra meu peito.

— Você lhe deu um sedativo? Mas ela sabia que eu viria aqui.

— Eu diluí no suco que ela tomou. Ela estava muito nervosa.

Eu solto um suspiro nervoso.

— Você lhe deu um calmante sem seu consentimento? — por alguma razão, sabia que minha pergunta iria incomodá-lo.

Hassan me encara duramente.

Silêncio.

— Sim.

— É mais fácil, não é? Mais fácil do que conversar — falo, em reprimenda.

Eu assisto seu rosto se transformar em uma carranca profunda.

— Você não sabe o que está dizendo! — ele diz, em tom cortante.

Eu tinha cruzado a linha? Estamos agora em uma situação estranha. Há tensão entre nós.

— Bem, então eu não tenho mais nada a fazer aqui — digo, antes mesmo de saber qual será o passo seguinte do homem com um grande magnetismo à minha frente.

Eu me viro em sentido à saída. Hassan barra meu caminho.

— Por favor, fique. Eu dei metade de um comprimido. Quando Raissa acordar, vai querer te ver, falar com você — ele diz tudo com aquele sotaque carregado, lindo de viver.

Eu o encaro ofegante, sem lhe dar uma resposta.

— Por favor — pede, mas, pelo seu tom, percebo que ele não gosta muito da palavra.

Um homem como Hassan, com seu poder orgulhoso, pedindo por favor?

Eu reflito. Se ele me desrespeitar, vou embora!

— Tudo bem. Eu espero.

Volto para a sala e me sento em um sofá de um lugar. Hassan, quando vê meu gesto, sorri. Aqueles olhos negros examinam meu rosto, e em seguida caem para as minhas pernas e depois sobem para o meu rosto novamente.

— Quer água? Café? Suco?

Tomo algumas respirações e respondo, desviando dos olhos lindos dele, incomodada por meu coração ainda estar tão descompassado:

— Não, obrigada.

Ele, então, se senta no outro sofá e me encara.

— Sei por que está tão esquiva comigo. Então quero me desculpar por ontem. Eu agi por impulso, você me ofendeu, mas isso não justifica o que eu fiz.

Eu o encaro sem ação por um momento, perturbada demais por ele ter tocado nesse assunto e ao mesmo tempo admirada por ele se desculpar.

— Tudo bem. Não vamos mais falar sobre isso — digo, e desvio os olhos dos dele.

Deus, esse homem é viril.

— Quantos anos você tem? — ele de repente pergunta.

Eu o encaro, limpo a garganta e me mexo desconfortavelmente no sofá.

— Vinte e cinco.

Ele ergue as sobrancelhas, surpreso.

— Na minha cultura, você já estaria ficando velha para casar. As moças se casam muito cedo.

Eu pisco…

Essa é boa! Ele está me chamando de velha?

Fico olhando para ele sem falar, então me levanto:

— Acho melhor eu voltar outra hora.

Hassan se levanta também.

— Allah! Parece que não acerto uma! Não me interprete mal. Foi só um comentário, só para você conhecer um pouco minha cultura. Saiba que não foi minha intenção te ofender ou te chamar de velha.

De repente, me dá aquela vontade de desafiá-lo.

— E quanto aos homens? Eles podem se casar com a idade que quiserem? As mulheres os aceitam, mesmo sendo bem velhos?

Hassan sorri diabolicamente, não parece afetado pelas minhas palavras. Minhas pernas ficam moles.

— Sim, na minha cultura o homem mais velho é considerado mais sábio. Geralmente são bem prósperos e, portanto, considerados mais atraentes.

Mais?

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