O Egípcio romance Capítulo 16

Hassan ofega.

— Desculpe-me, eu não deveria ter dito isso. Sou muito sincero, mas isso afasta as pessoas.

— Você? Sincero? Deveria usar de sinceridade, então, com sua irmã e abrir para ela por que você não se dá bem com sua madrasta. E, sinceramente, eu não entendo vocês e a sua cultura. Que ficam presos a rituais bobos enquanto a estrutura familiar está ruindo ao seu redor. Você percebeu como Raissa precisa de carinho e compreensão? Que ela é assim por ser uma menina carente? E vocês só olham os seus narizes. Com suas danças exóticas, cheios de vaidade.

— Allah! — ele exclama, abafado.

Seus dedos, então, se fecham novamente no meu braço e ele me puxa para fora. Logo saímos do interior da mansão. Então ele me solta e me olha furioso.

Seu rosto fica perto do meu e ele começa a falar baixo, com o sotaque carregado:

— Eu tenho fortes razões para agir assim com Raissa. Isso porque um dia eu prometi ao meu pai que ela nunca saberia o motivo da minha rixa com a mãe dela. E um homem egípcio, quando promete algo, cumpre com sua palavra, então não me julgue. E por Allah! Você não sabe de nada! Está além dos seus esforços de compreensão. Você acha que eu não sei que minha família vive de aparências?

Os olhos dele começam a brilhar pelas lágrimas, que ele segura a todo custo para não manchar seu orgulho masculino. Eu engulo em seco, me sentindo tocada com a situação.

— Olha, tudo bem, Hassan. Realmente isso não me diz respeito. Fica bem, eu preciso ir embora.

— Karina. Qual é o seu nome completo?

Eu, que já estava caminhando para o meu carro, paro e o encaro. Deus! Por que ele quer saber meu nome completo?

— Por que quer saber?

— Darei uma festa no meu hotel e quero fazer seu convite — ele explica.

— Karina Michael.

— Só Michael?

— Sim, só.

Ele assente com uma reverência, isso quase me faz rir. Hassan é muito egípcio para algumas coisas.

— O meu é Hassan Hajid Addull Ala.

Deus! Eu não me segurei e ri.

— Por que riu? — pergunta, sério.

Eu seguro meu riso.

— Não sei — rio novamente. Hassan fecha a cara. — Desculpe-me.

— Não se ri do nome de um egípcio. Você adora me provocar, Karina Michael — ele diz, com o sotaque carregado.

Eu fico séria.

— Perdoe-me, não foi minha intenção.

— Raissa sabe o seu endereço?

Eu fecho a cara.

— Por que quer meu endereço?

Ele sorri e fica mais lindo sem aquela cara de mau com que olhava para mim.

— Para enviar seu convite.

— Raissa sabe. Bem, vou indo.

Estou para sair quando ele me pergunta:

— Não vai perguntar quando é a festa?

Eu respiro fundo.

— Quando é a festa?

— Sexta à noite. É um jantar beneficente para ajudar vítimas de guerra no Oriente Médio.

— Está certo.

— Você irá?

Eu respiro fundo.

— Não sei ainda, talvez.

— Sabe a impressão que me passa? Que está louca para se livrar de mim. Para quem me pediu para te beijar quase agora há pouco…

Ah! Sabia que ele tocaria nesse assunto!

— Foi um erro, Hassan.

Hassan se aproxima e, sorrindo, toca meus cabelos, os olhando com fascinação, então seus olhos procuram os meus.

— Para mim foi a coisa mais certa que eu já fiz.

Os olhos de Hassan ficam mais negros nos meus. Sinto meu coração falhar uma batida.

— É? Mas para mim não, eu percebi que errei. Não deveria ter pedido tal coisa.

— O que fez você mudar de ideia com relação a nós?

— Nós? Não tem nós.

— Raissa. Ela deve ter feito sua cabeça contra mim.

— Ela só disse a verdade — digo, já incomodada com esse assunto.

— Verdade? Que verdade?

— Olhe sua vida, Hassan, você tem 40 anos e nunca namorou sério, nunca pensou em se casar. Que tipo de futuro você espera que eu tenha com você? Eu não quero ser um mero divertimento para você. Entendeu?

Hassan ofega.

— Com você poderia ser diferente.

— Você está enganando quem? A si mesmo? Eu não sou seu tipo, não me visto como as mulheres de seu povo, sou independente, falo o que penso…

— E se for isso que me atrai em você?

Eu sorri.

— Para quê? Para você ter o prazer de me converter às suas tradições?

— Bismillah! — “em nome de Deus!”. — Como você é difícil!

— Sou realista.

— Então você é uma garota para ser levada a sério, é isso?

— Sim.

— O que aconteceu com o bom e velho sexo que vocês cultivam tanto antes do casamento? — ele pergunta, quase irado.

— Eu não sou assim, Hassan.

— Toda inglesa que se veste como você é liberal.

Aquelas palavras me deixam sem palavras. Realmente eu não sou nada contra sexo antes do casamento. Mas sei que se eu ficar com Hassan, se transarmos, ele ficará com uma parte do meu coração quando tudo terminar.

— Boa tarde.

Dei um passo para trás e me afastei de Hassan, o deixei olhando para mim, com a expressão transtornada.

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