O Sheikh e Eu(Completo) romance Capítulo 16

Claramente assustei Seth.

Tentei não me afogar com o monte de água que entravam agora pela minha boca enquanto a menina se estapeava tentando me tirar de cima dela. Empurrei ela para trás de mim,quase encostando os peitos dela nas minhas costas, tentando fugir da multidão de pessoas que estavam na piscina.

Torci mentalmente para que o meu lindo cabelo não se tornasse cachos perigosos com a água o tocando. O que ia acontecer, óbvio.

– O que você está fazendo, sua louca? – Ele me perguntou se aproximando de mim. Estendi minha mão para que ficássemos alguma relativa distância enquanto tentava me recuperar do meu pequeno afogamento.

– Estou salvando sua reputação, seu louco. – Vociferei. Seth ainda não entendia do que eu falava, franzindo o cenho. – A garota ia acabar com sua reputação se você olhasse para os peitos dela. – Comentei como se fosse a coisa mais óbvia.

Seth me olhou por longos segundos tentando analisar até que ponto eu estava falando a verdade. Seus olhos pareciam me perguntar, com uma delicadeza fora do comum, que eu nunca tinha notado até então, se eu estava bem, se não tinha me machucado com a minha entrada triunfante. Ou talvez fosse minha imaginação achando que Seth pudesse, em algum momento, ser delicado comigo. O que parecia muito mesmo ser verdade.

Depois, como se percebesse que, de fato, eu estava bem e falando a verdade, já que a menina estava logo atrás de mim, ele disse:

– Para qualquer vídeo que vocês queiram fazer de mim para denegrir minha imagem, lembrem-se que pago o dobro do que os diretores de vocês os dariam se vocês os entregassem isso, ou seja, lá o preço que vocês querem ganhar com isso. Fora que, mesmo aqueles que querem ganhar fama, eu descobrirei quem fez isso e essa pessoa, certamente, nunca terá mais lugar aqui. – Disse Seth. Pareceu por um momento que todos tinham parado para ouvi-lo. E, de fato, o tinham. Karen tinha diminuído o som e a voz grave de Seth tinha sido propagada com facilidade por todo o ambiente. Se não todos, quase todos o tinham ouvido.

Fiquei assustada com a forma como as pessoas o olhavam e como seus olhos agora pareciam terem mudado para uma raiva contida. De alguma forma, surtiu efeito, já que um murmurinho irritado começou a ressoar por algumas pessoas da festa e outras pararam de tirar foto e filmar, como se tudo tivesse perdido a graça.

Ainda estava analisando a cena toda, tentando compreender até que ponto as pessoas seguiriam agora que não poderiam lançar uma matéria midiática de Seth com alguém, até o momento que ouvi um choro mínimo e percebi que a garota que tinha tirado a parte de cima do biquíni estava chorando logo atrás de mim, esgueirada atrás do meu vestido molhado.

Virei-me para ela, tentando ficar perto o suficiente para que ninguém a visse do jeito que ela estava. Os olhos da menina estavam muito vermelhos de choro e ela tinha um hálito que há muito denunciava destilado, mas o que mais me chamou a atenção foi a tristeza que saia dela:

– Eu não quero que me vejam assim. – Seja o motivo que tivesse a feito tirar a parte de cima do biquíni, ele não estava mais lá. Nenhum resquício. Pelo contrário, a garota parecia envergonhada, tentando esconder pelos braços cruzados, os seios amostra. Era uma tristeza tão palpável que se eu pudesse, ninaria ela até que ela dormisse. Parecia uma criança.

– Tudo bem. Ninguém vai te ver assim. Eu vou te ajudar. – Disse tentando olhar no fundo dos olhos dela. Queria que ela acreditasse em mim porque eu realmente estava disposta a ajudá-la a sair dessa.

– Tome, vista. – Ouvi enquanto absorvia a ideia de que uma blusa dourada estava estendida na direção dos seios da jovem. Eu tinha plena noção de quem era aquela blusa. Por isso, tentei não mover meus olhos de nenhuma forma, para não ficar desconcertada se, sem querer, eu obtivesse a vista de uma tremenda visão. Meus olhos estavam cravados na jovem.

A jovem assentiu enquanto olhava para os lados. Contudo, a festa tinha recomeçado e, embora muitos parecessem ter se cansado da mesma e estivessem saindo, ainda havia muita gente e essa gente não parecia nem um pouco interessada na jovem se vestindo, tampouco no astro da festa que não tinha mais graça.

Olhei novamente a jovem, agora que tinha me perdido nos pensamentos. Ela já estava vestida com a blusa de Seth, embora fosse perceptível, mesmo com o tecido grosso, que ela estava sem sutiã. Ela agradeceu a Seth com uma voz que parecia um sopro e antes que eu pudesse pergunta-la se ela queria alguma ajuda com alguma outra coisa, Seth tomou meu campo de visão.

Eu deveria ter sido um pouco mais precavida com meus olhos. Mal eles têm chance, mal eu divago na minha mente, e eles fazem questão de se transformarem em olhos pecaminosos. Agora minha visão era Seth sem camisa, embora a calça tivesse subido um pouco mais para esconder o umbigo – regras religiosas, provavelmente – uma visão decerto desconcertante, contudo, nem um pouco ruim.

Seth era do tipo que não parecia tão definido com os cortes de roupa que ele usava. Na certa, fazia isso de propósito, para que não percebessem sua beleza natural. Os cortes, mesmo de ternos, não valorizavam os ombros largos, os peitos e bíceps definidos, a barriga como uma leve entrada. A visão sem blusa era ainda melhor do que a última visão de blusa entreaberta que eu tivera dele. Engoli em seco.

Percebi que estava encarando Seth somente quando uma sobrancelha sua elevou-se e eu precisei esconder meu rosto virando-me em outra direção, uma vez que meu rosto queimava de vermelhidão.

– Você está bem? – Ele me perguntou e sua voz parecia conter um cinismo palpável. Tentei me conter.

– Estou ótima. – Minha voz acabou saindo mais esganiçada do que imaginei. Maldita voz que falha. Seth riu de mim.

– Não está parecendo tão bem batendo o dente assim. – Ele mencionou e eu o olhei sem expressão.

– Não se preocupe comigo. Minha única função é cuidar que nada de ruim aconteça aqui. – Ele concordou enquanto saia da piscina. Embora a água estivesse quente e diminuísse um pouco do frio que eu sentia, um momento depois, precisei sair da água também, e encarar o frio de hipotermia do lado de fora. Mesmo com frio, tentei parecer que estava o melhor possível. Se minha função era aguentar o Alasca, eu aguentaria.

Meus dentes começaram a bater de frio quando percebi que as pessoas durante a festa tinham diminuído consideravelmente. Certamente a graça para muitos tinha acabado. Tentei lembrar onde tinha posto meu celular depois da minha queda na piscina, mas acho que só o acharia no outro dia. Dei de ombros. Não tinha muito o que fazer.

Com a festa seguindo aos seus certames finais, Seth chamou umas duas meninas que estavam conversando com a modelo e a modelo para subirem, que ele tinha um bolo esperando por ele no quarto. As jovens deram de ombro e seguiram com ele pela mansão. Fui atrás. Embora tivesse que cuidar das outras pessoas que estavam na festa, tinha certeza que Karen seria perfeitamente capaz disso. Agora, cuidar de Seth e um possível fotógrafo anônimo escondido pela mansão? Isso certamente só eu seria capaz.

Encarei minhas mãos vermelhas. Parecia que milhares de agulhas estavam entrando não só nelas, mas em todo o corpo. Se era essa a sensação antes da morte por hipotermia, eu tinha certeza de que estava perto.

O quarto de Seth não me trazia boas lembranças, mas tentei não pensar nisso. Havia muito do que eu cuidar e eu não me importei em sentar no chão do quarto dele com meu corpo cansado e molhado. Não queria molhar a cama dele, ou outra parte do quarto. Fiquei olhando com meu corpo trêmulo as meninas indo até a cama e pulando nela até o momento que riam e caiam deitadas na mesma, enquanto Seth abria uma porta e de lá tirava alguns cobertores.

As meninas não estavam molhadas, mas pareciam bem bêbadas. Fora a modelo, as outras duas não se comportavam direito e, depois do que pareceu alguns poucos minutos, a modelo acabou adormecendo enquanto as outras duas meninas riam muito de alguma piada interna.

Seth cobriu seu corpo com um cobertor de cor amarelo mostarda e me entregou outro de cor verde musgo, o qual aceitei sem pensar duas vezes, enrolando pelo meu corpo fatigado pelo cansaço e pelo frio. Não houve mais troca de palavras entre mim e Seth. Ele emendou uma conversa com as outras duas meninas que riam de qualquer meia palavra que saia da boca de Seth.

Suspirei olhando para a porta. Seth não tinha bebido, parecia bem seguro de si e conversava animadamente junto das meninas bêbadas. Levantei-me esgueirando meu corpo até a sacada do quarto dele. Dali dava para sentir o vento do deserto, em seu frescor momentâneo e o local das piscinas, mais vazio que qualquer lugar. Aparentemente não havia mais ninguém na mansão. Karen devia ter expulsado todo mundo com a ajuda dos outros funcionários como eu tinha pedido.

Eu não sabia dizer que horas eram, mas eu chutaria que eram por volta das quatro da manhã. Um pouco cedo para uma festa de um Sheikh acabar, mas quem era eu para dizer alguma coisa? Suspirei enquanto me sentava na própria sacada colocando os pés para fora da grade que cercava a sacada.

Eu tinha deixado a janela de vidro meio aberta de modo que quando olhei para a mesma, pude perceber que Seth continuava na conversa com as jovens. Suspirei de cansaço. Estava tão cansada daquele dia, de tudo o que tinha acontecido, do quanto eu tinha me esgotado não só fisicamente, mas mentalmente também. Eu não via a hora do dia acabar, de eu poder deitar na minha adorável cama e dormir até o outro dia a tardar. Sonhava com isso.

Balancei os pés para fora da sacada. Não pude deixar de pensar em Sofia, minha irmã. Quando menor, eu dizia para ela que quanto mais balançássemos os pés no ar, mais próximo das estrelas nós ficaríamos. Então, na iminente vontade de alcançar o céu, eu e Sofia ficávamos balançando nossos pés até o infinito.

É óbvio que nunca alcançamos as estrelas. Estivemos muito próximas do chão. Mas até hoje Sofia brinca que próximo das estrelas ela não precisaria de pulmão, não precisaria de litros de oxigênio. Ela costumava me dizer que essa era uma preocupação a menos para quando estivéssemos nas estrelas, juntas.

Nunca entendi se ela dizia isso como forma de me preparar para quando ela morresse. Não gosto de pensar que isso pode acontecer. Estou tão longe dela. Conto com a sorte para que minha esperança não morra e eu consiga juntar dinheiro rapidamente para que ela consiga fazer seu tratamento inovador rapidamente. Não sei o que faria se ela morresse antes que eu pudesse dá-la essa oportunidade, antes que eu pudesse vê-la.... Eu que estou tão longe dela, para ela...

– As estrelas são bem numerosas por aqui. – Ouço Seth dizer. Não sei o que ele está fazendo aqui, sentando ao meu lado, com os pés balançando também. Contudo, estou muito cansada para perguntar, muito cansada para brigar com ele. Só quero ficar no meu canto, no meu espaço imaginário, absorvendo a noite que some. Não me importo que ele venha fazer brincadeiras. Só quero o silêncio.

– É verdade. – Murmuro e minha voz parece ressoar todo o cansaço que tive.

– Quando eu era pequeno a minha mãe dizia que eu teria, tal como as milhares de estrelas, milhares de irmãos para brincar. – Confessou Seth e sua voz parecia conter uma brandura inigualável, um soar de confissão que não pude interromper. – Infelizmente, Sra. Zilena desenvolveu câncer e teve que tirar o útero. Por muito tempo fiquei a pensar se a culpa não tinha sido minha... – Começou Seth.

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