O Sheikh e Eu(Completo) romance Capítulo 20

Não demorou para que eu recebesse batidas na minha porta. Não queria receber ninguém, então não respondi, para que ninguém pudesse entrar. Contudo, logo percebi, pela voz grave, que era Seth e que, sem eu ter permitido, ele adentrava o meu quarto.

– Agnes? – Ele perguntou e eu bufei me levantando da cama. Seth estava parado rente ao batente da porta, esperando ser convidado para entrar. Revirei os olhos.

– Sim, Senhor Seth? – Perguntei falando sarcasticamente “senhor”.

– Cinco minutos. – Ele respondeu e eu franzi o cenho sem entender.

– Cinco minutos para o que? – Ralhei sem entender.

– Para você descer. Te espero lá embaixo. – Ele disse e simplesmente saiu. Arqueei uma sobrancelha sem entender coisa alguma do que estava acontecendo. Então era assim? Ele aparecia de frente a porta do meu quarto, pedia para que eu descesse em cinco minutos e eu o fazia sem reclamar nem um pouquinho?

Era sim. Pensei, por fim, bufando. Seth era meu chefe e desse ponto eu não poderia reclamar. Olhei para o espelho para analisar minha figura mais uma vez. Continuava com a roupa emprestada de Karen, ainda que o véu já estivesse escorregando um pouco da minha cabeça e uma fina camada do meu cabelo estivesse aparecendo. Dei de ombros. Tanto faz. Eu não era da religião deles. Não precisava levar ao pé da letra como eles.

Olhei então a janela. O sol já tinha desaparecido. Seth devia ter permanecido a tarde e um pouco da noite também aguentando as duas chatas que não paravam de falar de casamento. Agora, certamente, estava me chamando para que pudesse me dar uma bronca pelas minhas atitudes e me colocar de castigo me fazendo limpar toda a mesa.

Por que Seth parecia ser bem capaz dessas coisas.

Ah, mas se ele ia ver. Eu não ia me desculpar nem um pouco pelo que eu tinha falado. Não estava errada. Elas que estavam. E elas que tinham começado. Se ele achava que eu ia pedir desculpas para alguém, era bom ele tirar o cavalinho da chuva, porque eu preferia ficar de castigo a arrumar a mesa do que me sujeitar a pedir desculpas por algo que não me arrependo!

Bati os pés no assoalho enquanto marchava impiedosamente até o andar debaixo. Minha imaginação fértil lembrou-se da música da entrada triunfal de Star Wars, quando Darth Vader aparecesse em toda sua imponência, e eu tentei imitar toda essa pompa marchando para a escada prestes a matar Seth com o poder da força.

– Tem banheiro lá embaixo se tiver com vontade, Agnes. – Ouvi a voz de Karen sussurrar enquanto passava por mim. Okay, chega. Viajei demais.

Seth me esperava lá embaixo. Estava com uma calça jeans, o que era muito casual para o homem que eu conhecia, e uma blusa daquelas grandes que ele usava, de cor branca. Calçava botas e os cabelos estavam novamente escondidos por uma toalha preta com branco. Sério, porque? Os cabelos dele eram tão lindos sem aquilo. Ok. Isso não é coisa para se pensar, Agnes.

– Vamos, irritadinha. – Ele disse e eu não pude deixar de revirar os olhos. Eu não era irritadinha. Talvez com um pouco de problemas de agressividade, como Dr. Eduardo que me tratou um dia diria.

– Para onde vamos? – Perguntei sem compreender, arqueando uma sobrancelha, repleta de curiosidade. Seth não me respondeu de imediato. Abriu a porta da sala seguindo para a entrada da mansão e eu o segui, mais pela curiosidade de porque ele estava indo lá fora e não me respondendo, em vez disso.

– Seth? – Perguntei seguindo-o. Seth não me respondia enquanto seguia para o que parecia uma caminhonete 4x4. Fiquei olhando o carro gigantesco até que Seth parou em frente ao carro e estampou para mim um grande sorriso na face.

– Vou realizar o seu desejo. – Eu não consegui, acabei gargalhando. A frase tinha sido muito engraçada.

– Não vai não. – Respondi olhando o carro. Era hilário! De onde Seth tinha tirado que eu tinha o sonho de ter uma picape? Isso porque ele não sabia o quão metralhadora eu era dirigindo um carro! Péssima piada, eu sei.

– Vou sim. – Ele insistiu. Coloquei minhas mãos próximo ao peito, cruzando-as. Ainda não compreendia como aquele carro seria capaz disso. Além disso, ainda tentava compreender em que momento eu tinha pedido para ele realizar os meus desejos, quando ele tinha uma noiva para realizar os desejos dela.

– Hã... Seth. – Engoli em seco. – Eu não sei de onde você tirou essa ideia maluquinha da sua cabeça, mas não era para você estar realizando desejo algum meu e sim da Nadirah. – Respondi e Seth revirou os olhos levemente aborrecido.

– Os de Nadirah já vou realizar quando nos casarmos. O seu, poderei fazer agora. – Respondeu todo galanteador. Não pude deixar de rir, dessa vez, de nervoso.

– Eu não preciso que realize meus desejos, Seth. – Respondi e senti minha garganta ficando seca. Tinha sido um pouco grossa. Mas hey! Eu nunca tinha pedido para Seth realizar um desejo meu. De onde ele tinha tirado essa ideia toda? – Acho que, na verdade, você deveria estar me perguntando o que aconteceu para Nadirah está chorando antes. – Seth revirou os olhos novamente. Agora ele estava aborrecido.

– Eu já sei. – Sua voz saiu grave e amedrontadora.

– Já sabe? – Perguntei incrédula. Como ele sabia e não tinha me chamado a atenção ainda? O louco tinha enlouquecido?

– Já sei a versão da Nadirah. – Ele respondeu risonho. Risonho demais para meu gosto. – Agora falta você contar sua versão. – Disse, simplesmente.

– Então esse era o meu desejo que você ia realizar? – Perguntei tonta. Agora sim a conversa estava dando-me dores de cabeça.

– Não. – Bufou. – Você é sempre lerdinha assim, Agnes, ou só está se fingindo por que não quer que eu realize seu desejo? – Arqueei uma sobrancelha. Sobre o que diabos aquele homem estava falando? O que tinham posto na bebida de Seth? Ou será que era eu que estava drogada e não sabia?

Meu Deus, batizaram o chá de matte, só pode! Eu devia saber. Estava muito doce e Karen disse que não tinham posto açúcar. Sabia que havia algo de errado!

– Eu não sei do que você está falando. – Disse tonta. Estava começando a olhar no chão e andar de um lado para o outro para ver se meus pés entortavam na hora de andar. Seth pareceu perceber o quão louco eu estava quando passou a me olhar dando pulinhos de um lado para o outro, como uma pipoca na panela, tentando ver até que ponto eu estava drogada.

– O que você está fazendo, mulher? – Ele me perguntou franzindo o cenho. Parei minha tarefa odiosa e voltei o meu olhar para ele.

– Eu ainda não sei do que você está falando. Estou vendo se estou drogada. – Respondi como se fosse algo simples. Como plantar cebolinha.

– Você está drogada??? – Ele perguntou quase gritando, atônito. Aproximou-se em passos rápidos de mim me impedindo de continuar com meus pulinhos. Voltei meu olhar para ele e quase me assustei dando um pulo para trás. Uou. Seth estava muito próximo de mim.

– Não que eu saiba. Mas o chá podia estar batizado. – Respondi e Seth caiu na gargalhada.

– Do que você está falando, sua louca? – Me perguntou.

– Do chá. – Respondi. Comecei a pensar se não era Seth que estava drogado. Não parecia estar entendendo nada do que eu estava falando. – Você tomou o chá batizado?

– Havia um chá batizado?? – Ele perguntou desesperado.

– Então, eu não sei. – Respondi. – Mas acho que sim. Por que não estou entendendo mais nada do que você está falando. – Respondi por fim. Dessa vez, séria. Eu realmente não estava entendendo mais nada. Afinal, o chá estava batizado ou não? E o que raios era isso de realizar meus desejos? Por acaso Seth era um gênio da lâmpada? Se bem que já estávamos no meio do deserto.... Vai que né?

– Agnes. – Disse Seth e pareceu quase soletrar meu nome na sua língua. Meus olhos voltaram-se para ele ainda confusos, mas tomados de atenção para o que ele dizia. Ele que tentava não rir depois da minha cena cômica enquanto dizia: – Vamos jantar no deserto. – Ele jogou a bomba.

Demorou para que o tic tac do meu cérebro funcionasse e eu compreendesse do que ele estava falando. Tempo até demais.

– Oi? – Respondi simplesmente. Por que, claro, todas as palavras tinham sumido da minha boca. Me senti uma tonta lembrando do trato que tínhamos feito. Só não sabia que ele seria louco de cumprir. Ainda mais no dia seguinte.

– Jantar? – Ele perguntou mexendo as mãos como se estivesse fazendo mímica. – Você tem certeza que não batizaram o seu chá, Agnes? Está meio lerdinha. – Ele disse rindo do próprio comentário. Senti minha mão formigar para bate-lo. Seria errado bater no meu chefe?

– Eu sei o que é um jantar. – Ralhei. – Mas você tem namorada. – Respondi e me senti uma babaca por ter dito isso, ainda mais quando Seth me respondeu:

– E? Isso impede de jantar? – Perguntou arqueando uma sobrancelha.

– Você não pode ficar sozinho comigo. – Respondi simplesmente. E eu estava certa. Era bonito da parte dele querer fazer isso por mim. Mas ele tinha noiva. Isso ia pegar muito estranho. Não podíamos jantar. Daria ar que éramos namorados e não éramos. Além disso, eu também tinha namorado. Acredito que tudo estaria errado se estivéssemos jantando sozinho no deserto.

– E quem disse que eu vou ficar sozinho com você? – Ele respondeu, simplesmente, rindo do meu comentário. Claro. Seth não desrespeitaria sua religião e suas regras. – Apenas vou realizar seu desejo. E pronto. Haverá muitos ali conosco.

– Por que? – Deixei escapar dos meus lábios. Seth estava sendo muito gentil comigo e eu não esperava isso dele. Podem me chamar como for, mas eu estava sim, cheia de dedos. Eu não conseguia ver compaixão sem motivo algum. Era raro encontrar isso onde eu morava.

– Por que eu vou realizar seu desejo? – Seth franziu o cenho. Parecia pensativo quanto a minha pergunta, mas logo um sorriso se formou em seus lábios novamente. – Por que sim, oras. Nem tudo precisa de explicação, Ag. Eu quis, simples assim. – Revirei os olhos.

– Por que sim não é resposta.

– Aish, só ouço Mimimimimi. – Ele disse arqueando um longo sorriso. Instintivamente, tentei esconder o sorriso que se formava na minha face também.

– Seth. – Respondi séria. – Os outros empregados. Isso não é brincadeira. – Respondi. Seth ficou sério. Como poucas vezes eu via. Colocou as mãos no bolso e bufou. Parecia ter parado com a brincadeira também.

– Eu faço um desejo para todos os empregados, Ag. Era isso que você queria ouvir? – Ele perguntou e quase parecia rosnar ao soltar as palavras. – Todos eles. O seu só demorou um pouquinho. Agora, será que você pode ser menos chatinha e aceitar? – Ele quase parecia me instigar pelo olhar, pedindo como um cachorrinho de olhos pidões. Como dizer não?

Fechei meus olhos e depois abri calmamente. O carro continuava ali. Então eu ia aproveitar. Se era para um desejo meu a se realizar, eu ia aproveitar aquele momento.

– Está bem então, Sr. Riquinho. – Respondi brincalhona. – Vamos lá, seu chato. – E Seth tomou minha vista com um sorriso largo e maravilhoso enquanto seguia para o carro. E eu também segui.

Jantar no deserto, você que me espere. Vou comer até morrer. Pensei por fim.

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