O Egípcio romance Capítulo 26

— E então, vai me dar uma chance?

O quê?

Quando eu contei para ele que era virgem, não é porque defendo essa causa, mas para ele entender que não sou avulsa. Eu fico em silêncio.

Logo vejo vários casais dançando ao nosso lado, incentivados por nossa dança. Mas eu não consigo me distrair com nada. O corpo forte e rijo de Hassan junto ao meu me tira a paz, me perturba. Ele tem o poder de minar minhas forças. Hassan segura o meu queixo e me faz olhar para os olhos dele.

— O que foi? Perdeu a capacidade de falar? — ele pergunta, enquanto examina meu rosto.

— Não há nada para dizer — digo, e o rosto dele perde a expressão irônica, ficando duro e frio. Eu baixo meu rosto, sentindo a força do corpo musculoso, desejando intimamente que a música chegue ao seu final.

— Se arrependeu de ter saído comigo?

Meu coração se agita.

Eu estou confusa sobre esse assunto.

A verdade?

Sim, eu aceitei sair com ele. Mas as emoções que Hassan me provoca são intensas demais para eu brincar com meu coração. E isso explica por que sei que não fiz a coisa certa. Contudo, eu consegui despachá-lo na frente de meus pais, mesmo ele usando de golpe baixo para conseguir o que quer.

— E então?

Eu o encaro. Seus olhos negros nos meus são tão calorosos, que eu me perco neles, inclusive minha capacidade de pensar agora, ou articular qualquer palavra.

— Se importa se não falarmos sobre isso agora?

Eu não respondi, baixei as pálpebras e olhei para a camisa dele, fugindo de seus olhos.

— Você recua assim porque sabe que vai perder a batalha. É muito covarde, Karina.

Eu o encaro.

— Então eu sou covarde — digo.

— Allah! Karina, eu estou louco por você. Estou realmente interessado. Não é claro isso?

Eu ofego.

— Já falamos sobre isso, você sabe o que penso a respeito. Eu estou aqui porque você forçou uma situação e eu não quis criar caso na frente dos meus pais. Mas chega!

— Eu sei que você me deseja. Há emoções que não se podem disfarçar, e eu vejo em seus olhos que me deseja tanto quanto eu te desejo. Desculpe-me, Karina, mas eu não consigo abrir mão disso. Há um provérbio árabe que diz: “O maior dos erros é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a oportunidade”, e eu terei paciência com você, princesa. Quero te conquistar, mostrar para você que posso ser diferente.

Eu ergo meu rosto surpresa, não muito convencida de suas palavras. Olhamos um para o outro por alguns momentos, nenhum de nós disposto a desviar o olhar primeiro. Exploro seu rosto atraente, querendo saber exatamente que pensamentos habitam em sua mente para justificar o que ele viu em mim.

— Diferente? Diferente como? Transando comigo e me descartando como fez com todas?

Houve um longo silêncio, durante o qual ele procurou penetrar meus olhos, os lábios contraídos. Por fim, ele respira fundo e me segura com firmeza.

— Não. Eu quero muito mais do que isso. E saiba que para uma pessoa “como eu” isso é um grande passo.

Eu dou risada de suas palavras.

Sério isso? Mas eu? Por que eu?

Somos tão diferentes…

Ele não aprecia nada meu riso e murmura algo em árabe em tom irritado, comprimindo seus lábios. Eu podia sentir meu rosto sendo examinado por ele.

— Não sei por que riu, é sério o que eu digo.

Por que ele tem que ser tão doce?

Estou perdendo a minha determinação de afastá-lo.

Eu respiro fundo.

— Tudo bem, podemos nos conhecer devagar. Vamos dar tempo ao tempo — digo, estudando seu rosto, seus olhos tão vivos nos meus.

Hassan sorri.

— Eu tenho todo o tempo do mundo, habibi.

Hassan me puxa para os seus braços e me faz apoiar minha cabeça em seus ombros enquanto dançamos.

Fico pensativa enquanto a dança está finalizando.

O problema é que o conheço bem demais. Suas palavras não me convencem, a vida que ele leva fala por si só.

Quando finaliza a canção, nos afastamos. Todos os casais que se juntaram a nós na dança batem palmas com um sorriso para os músicos. Eu bato palmas também sorrindo, posso sentir os olhos de Hassan no meu rosto.

— Vem, vamos cumprimentar algumas pessoas — Hassan me diz, envolvendo minha cintura.

Hassan é muito carismático, o tempo todo exibindo seu lindo sorriso e agradecendo às pessoas por colaborarem com um projeto tão importante. Logo eu também estou sorrindo, apertando mãos de pessoas cujos nomes jamais me lembrarei.

Ele então vai em direção a um senhor. O homem tem pompa de ter muito dinheiro. Sua esposa parece a rainha, de tantas joias que usa, mas antes de chegarmos lá as luzes ficam fortes.

Hassan para e me olha.

— É muito cedo para o jantar… — ele diz, e nos viramos para olhar a entrada do salão.

De repente, dois homens mascarados entram rendendo um segurança.

— Allah! — Hassan diz, com angústia, e me abraça como escudo humano, como se ele quisesse me esconder em seus braços. Eu me afundo em seu corpo quente, o pânico aperta o meu peito.

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