O Egípcio romance Capítulo 33

— O que você está fazendo? — ele pergunta para o policial.

— Colhendo informações.

— Ela terá que vir conosco. Não poderá ser liberada.

— Por quê? — eu pergunto, me sentindo cansada.

— Depois explicamos — o superior do policial fala para ele.

Fomos todos para a delegacia, inclusive minha família. Descobri que os ladrões se misturaram com os reféns. Então tive que olhar um vidro e observar todos os homens em pé, e tentar identificar os ladrões.

Depois de ver vários homens se posicionando à frente, identifico dois. O grandão, como o chefe deles, e peço para aproximar um outro. Mas sem a máscara é impossível identificá-lo. Eles pedem para ele colocar a máscara e ele se aproxima mais do vidro. Isso reforça minha intuição e tira minhas dúvidas.

Sim, é ele. Aponto como o cara que bateu em Hassan e pediu para eu tirar as joias.

Então é feito um novo B.O. com a minha descrição de toda a cena e porque eu identifiquei os ladrões. Então sou levada para uma sala com uma mesa repleta de joias. Identifico qual eu usava e uma foto é tirada delas. Assino um papel e eles me entregam o colar e os brincos.

Só depois disso sou liberada para ir para casa…

Logo que chego em casa, ligo para Raissa. O telefone toca, toca e ninguém atende. Até que, por fim, a empregada fala comigo e diz que ela saiu de casa com Helena, que foram para o hospital São Gabriel.

Eu agradeço.

Vitor, que está no sofá, me observando, se levanta quando eu desligo o telefone pensativa. Fito o relógio da sala. Quatro horas da manhã. Agora é dormir um pouco e acordar cedo, ligarei então para Raissa e verificarei se ele ainda está no hospital.

Hospital ou em casa, não importa, amanhã irei visitá-lo!

— E agora? Vai se sentar e conversar comigo e me contar como tudo aconteceu?

Eu pisco e olho para ele.

— Não, eu estou cansada, Vitor.

— Tudo bem, amanhã você me conta tudo. Saiba que eu fiquei muito preocupado. Ficamos horas ali em pé esperando que tudo se resolvesse. Então os reféns saem, mas você não estava entre eles. Eu fiquei desesperado.

— Eu sei. Todos ficaram — digo, pois do jeito que ele fala é como se só ele tivesse ficado assim.

Ele se aproxima de mim e me abraça.

— Deus! Foi angustiante.

Mamãe entra com duas xícaras de chocolate quente, ela quase volta para trás, mas eu afasto Vitor com firmeza.

— Hum, estou louca por uma xícara.

Ela me olha sem graça.

— Vitor, fiz uma para você também.

— Obrigada, Senhora Michael — ele diz e pega uma xícara. Mamãe dá um sorriso para ele. — Vou encher a banheira para você, Karina.

— Que bom, estou louca por um banho quente.

Xícaras nas mãos, sentamos no sofá. Esqueço de Vitor completamente. Beberico o chocolate quente preocupada com Hassan: como ele está? E o que ele deve estar pensando por eu não ter voltado?

Será que ele viu os beijos de Vitor?

— Bem, eu vou para casa. Você ficará bem? — Vitor me pergunta, colocando a xícara vazia na mesinha de centro.

Eu o encaro.

— Sim, é claro. Obrigada, Vitor. Descansa, e não se preocupe, eu estou bem — digo e coloco a mão na boca, tentando reprimir um bocejo.

Tomo o resto do meu chocolate e me levanto, coloco a xícara na mesinha. Quando vejo, estou sendo abraçada por Vitor. Fico como uma boneca de pano em seus braços, totalmente sem ação e inerte. Ele beija meus cabelos e se afasta.

— Amanhã eu venho te ver.

— Ligue-me antes, para não nos desencontrarmos.

Os olhos deles se transformam, ficam duros.

— Você vai até o hospital?

— Vou.

— Você tem alguma coisa com esse cara?

— Sim, estamos juntos.

— Sabia! — ele diz, com sofrimento. E a mistura de dor e raiva nos olhos dele me assusta.

— Bem, eu estou cansada, Vitor. Caso você queira vir, até amanhã.

Ele me olha por um tempo e não diz nada, sai da sala como um furacão, escuto a porta então sendo fechada com certa violência. As janelas tremem.

Meu pai surge na sala, vindo da cozinha.

— O que foi isso?

Estou tão cansada, que digo a primeira coisa que me surge na mente:

— O vento — e me sento no sofá.

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