O Sheikh e Eu(Completo) romance Capítulo 27

Mal entrei no meu quarto e revirei os olhos ao colocar meu celular em atualização de notícias. Ainda bem que o hotel tinha wi-fii, se não eu estava ferrada. Mal entrei no quarto e recebi trilhões de fotos de Matheus e todas de roupas onde ele terminava perguntando: "Qual dessas eu levo?"

Bufei. Pensando agora, eu não era a mãe dele para ajudá-lo a decidir como se vestir. Isso só me dava nos nervos. Olhando as diferenças, não conseguia deixar de pensar porque Matheus não aprendia a se vestir com Seth? Ele sempre estava tão lindo...

"Não sei, Math. Acho melhor você decidir por si só. "

Escrevi no Whattsaap e ele logo apareceu online. Digitando.... Fiquei olhando a sua foto ao entardecer até o momento que ele escreveu:

"=( Não vai me ajudar? Poxa, amor. Você sempre fazia isso. "

Eu mudei, cheguei a pensar em escrever, mas, de última hora, decidi não ser tão grossa assim com ele.

"Desculpe amor. Ainda não estou na Alemanha, não sei como o clima está lá. "

Digitando... Esperava, de verdade, que Matheus não me fizesse ceder, porque eu já estava de saco cheio de ser a mãe do relacionamento. De saco cheio de representar a certinha para todos. Na verdade, estranhamente, sentada ali na cama do hotel, eu me sentia de saco cheio de tudo. Eu só queria ser uma pessoa diferente. Ao menos por um dia.

Uma pessoa sem tantas responsabilidades. Uma pessoa que pudesse ser um pouco mais... Normal?

"Tudo bem, amor. Mas posso te levar uma blusa para você clarear para mim? Sabe que faz tempo que não visito minha mãe. Até hoje eu não consegui tirar essa mancha. Olha:"

E então Matheus me mandou a foto de uma blusa branca com uma marca do que parecia ser vinho. Revirei os olhos.

"Tudo bem amor. Traga que eu te ajudo. Agora vou dormir, estou exausta. E estava mesmo, mas não por conta do trabalho, mas por conta da viagem."

De alguma maneira incomoda, eu não queria mais falar com Matheus. Acho que estava criando asco dele. De uma maneira estranha, aliás. Afinal, ele não tinha feito nada para mim nesses últimos tempos para eu estar agindo assim. Me peguei me culpando. Eu que era a estranha dali, no fim.

"Tudo bem. Boa Noite, Gata ;)"

Ele me mandou.

"Boa noite, Math."

Eu respondi.

Deitei na cama tentando entender o que estava acontecendo comigo para eu estar tão estranha. Devia ser os meus hormônios. Só pode. Por que ali estava eu, sendo a chata do século. O meu namorado não tinha feito nada de estranho, mas os meus pensamentos pecaminosos com outro homem só me faziam pensar que Matheus não era ele.

Mas ele também não era meu. E eu estava me iludindo com o pouco de atenção que desfrutávamos juntos.

Por fim, me culpei. Eu era a errada na história toda. Estava seguindo por um caminho errado e não podia deixar isso acontecer. Eu sempre fui a sensata. Em casa, no trabalho, na faculdade. Em todos os lugares. Sempre fui a garota certa, o ideal que todos tentavam imitar. E não podia deixar que isso se abalasse. De jeito nenhum que eu deixaria isso acontecer.

Decidi que os sentimentos que eu estava deixando crescer, ainda que fossem uma semente a desabrochar ainda, deveriam ser mortos e congelados para sempre. Eu ia esconder aquilo até o momento que não me fizesse mais falta, que eu, simplesmente, já tivesse esquecido. Nunca mais ia deixar esses pensamentos voltarem a mim.

E isso era uma promessa.

– Vamos, amiga. Você demora muito para se arrumar. – Ouvi do outro quarto uma garota falando. Me espantei, me levantando num pulo, porque tinha quase certeza que tinha ouvido ela falando em português. E isso não era lá coisas que eu encontrava sempre. Decidi ouvir com mais atenção.

– Eu tenho que estar divina! – Explicou-se a outra. – Hoje eu deixo de ser corna! Cor-na! – Continuou a menina e parecia estar jogando toda a sua raiva para fora. A voz dela era a mais alta de todas. Ouvi então uma risada, de uma outra terceira, talvez?

– É isso aí amiga! – Disse e percebi que era uma terceira e todas eram possíveis brasileiras. Não consegui deixar de me animar.

– Afinal, o que eu fiz para merecer isso? – E então, para minha surpresa, a menina de voz mais alta, começou a choramingar. – Eu sempre fui boa. Sempre fui fiel. Sempre fiz as vontades dele... Por que eu? – Ela começou a perguntar às meninas e aquilo pareceu me atingir como uma bigorna na cabeça.

Por que eu? Perguntei a mim mesma. Por que eu era assim? Por que eu era certinha? Por que sempre usei desse ar? Aliás, que garantia eu tinha de que sendo como eu era, Matheus não era um cafajeste como Fernanda disse que ele era? E que ia me trair como a pobre coitada do quarto ao lado? Aliás, que garantia de alguma coisa eu tinha nesse mundo?

Tudo pareceu um extremo peso a ser carregado por mim e eu fiquei a pensar o que estava fazendo com a minha vida. Podia agora mesmo estar aproveitando a oportunidade de ouro que era estar em Zurique! Mas não, eu preferia parecer uma velha de oitenta anos, que ia dormir as dez da noite, a ter que conhecer a cidade que eu nunca mais veria na vida! O que eu estava fazendo com a minha vida? O que eu estava fazendo sem aproveitar minha juventude e minhas chances de ouro?

De repente, continuar naquele quarto não parecia a coisa mais certa a se fazer. Sem dúvida, era estúpido eu continuar ali com tanta coisa para aproveitar em Zurique! Que se danasse o mundo! Eu queria aproveitar. Eu queria esquecer os problemas que só me atormentavam. E a sensação que eu tinha de estar indo para a Alemanha para um funeral e não para receber o meu namorado! Queria esquecer tudo isso e foi o que decidi fazer.

– Oi? Brasileiras? – Perguntei abrindo a porta do meu quarto. Então me deparei com três mulheres, uma delas, a que era provavelmente a de voz alta, estava chorando no ombro de uma das amigas e as outras duas não sabiam o que fazer para acalmá-la. Aparentemente, trazê-la para Zurique não tinha sido suficiente.

– Sim. – Me confirmou uma loira de cabelos curtos e olhos castanhos. A chorosa tinha longos cabelos lisos e negros e a pele morena e a outra, a última, na qual a morena chorava, era uma baixinha de cabelos médios e também castanho e os olhos claros. Aparentemente, entre as três, a única de olhos claros.

– Eu também sou. – Achei necessário confirmar e isso pareceu fazer a morena parar de chorar e me olhar de cima embaixo. Mas não foi suficiente, ela voltou a chorar.

– Ele me abandonou. – Ela me disse e eu não soube como interpretar aquilo. Ainda estava me sentindo meio.... Estranha?

– Eu sou Agnes. – Decidi me apresentar, porque não sabia, de verdade, o que fazer.

– Marina. – Respondeu a loira. – E ela é a Bianca. – Disse apontando para a morena – e Joana. – Disse apontando agora para a de olhos claros. – Nossa amiga ainda não entendeu que tem que aproveitar a vida e esquecer do idiota do namorado dela. – Comentou a loira revirando os olhos.

Elas estavam muito bonitas, com vestidos colados e até um pouco decotados, e casacões grandes por cima. Saltos gigantescos, diga-se de passagem. Sorri, tentando parecer agradável e tentei dar uma palavra de conforto:

– E você vai ficar chorando por isso? – Consegui a atenção de Bianca. – Enquanto você está aqui, ele está aproveitando a vida. Mostre que você é mais do que isso e aproveite a vida também. – Tentei convencê-la. Bianca fungou.

– Mas ele é... – Parou para fungar mais uma vez. – Era o meu xodozinho. Meu bebe por cinco anos! – Ela frisou – Cinco anos! – Frisou novamente. Okay, eu não era boa para confortar alguém. Bem que eu tentei.

– E vai engolir esse choro travado na goela e vai sair para beber algumas para ver se esquece esse cafajeste, não é mesmo Ag? – Disse Marina piscando para mim. Concordei com a cabeça, ainda tímida.

– E depois a gente vai até a casa dele. – Disse Joana e parecia até uma homicida com os olhos arregalados e os planos na ideia. – Vamos na casa dele e destruímos o carro dele. Por que nós não viemos apenas te resgatar da Suíça, amiga. Viemos transformar a vida dele no inferno – E eu juro que só esperava uma risada triunfal saindo dos lábios de Joana depois das ideias terríveis dela de destruir o patrimônio privado dos outros.

– Acho que não é por aí. Mas tudo bem. – Disse Marina piscando e Joana pareceu se encolher sem se importar se não tivesse coisas homicidas como aquela. – Você vem com a gente, Ag? – Perguntou-me Marina. Agora era a hora de eu me decidir. E eu não precisei de muito para ter a minha resposta na ponta da língua. Dei um pequeno sorriso, daqueles decididos e sem se importar com mais nada e meneei a cabeça:

– Vamos. – E as três meninas passaram a dar gritinhos de felicidade, ainda que Bianca fosse a menos animada.

– Vamos nos divertir, meninas! –Gritou Marina num piscar de olhos e gritinhos.

E então era isso. Eu ia me divertir.

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