O Egípcio romance Capítulo 28

Todos gemem aterrorizados, as mulheres soltam soluços desesperados. Então o mais nervosinho grita para calarem a boca.

O silêncio aterrador impera por todo o ambiente.

— Se todos colaborarem, não haverá mortes — o chefe de todos diz.

Hassan passa a mão nos meus cabelos.

— Vamos sair daqui, e eu vou te tirar daqui.

Eu encaro Hassan e digo calmamente, mas incapaz de controlar minhas lágrimas:

— Não, eu vou ficar bem. Vou ficar bem quietinha.

Hassan me olha calmo, como uma rocha imóvel em um intenso furacão, e eu pressiono meu rosto em seu peito cheiroso.

Ouço gritos e procuro com os olhos de onde vêm.

Um dos bandidos está pegando o braço de uma mulher linda, com um corpo bem exuberante. Ela está sendo arrastada para trás do palco.

Alguém grita em pânico para ele parar.

É um homem, acho que é o companheiro da moça.

Uma arma é apontada na direção dele, e ele, impotente, fica imóvel.

Nessa hora, ouço sirenes de polícia na rua. Os bandidos ficam como loucos. Agitados, e alguns deles vão para as janelas envidraçadas para observar lá fora.

— Porra! Nico, diminua as luzes do salão — ele grita. — E reúna todos os reféns aqui.

Deus, somos reféns.

Olho para Hassan, procurando nele alguma força ou consolo, mas seus olhos estão fazendo a varredura do local e ele nem olha para mim. Isso me preocupa e me deixa mais agitada.

Hassan finalmente me olha, ofegante.

— É agora — ele diz baixinho.

— Deus! É agora o quê? — eu questiono, baixo.

Ele me levanta e me empurra para frente, tudo muito rápido.

— Aonde você está me levando? — pergunto, tremendo.

Logo estou perto de uma parede, então reparo na maçaneta e na chave pendurada. Hassan abre a porta camuflada, ela é da mesma cor do papel de parede dourado.

— Porra! Eles estão fugindo! — um deles grita para o outro.

Hassan me empurra para dentro quando abre uma porta grossa e com agilidade tenta fechá-la.

Apavorada, vejo um relance dos bandidos muito perto. Ouço tiros, almejando a porta quando ela está quase se fechando. Ele solta um palavrão em árabe e a fecha por completo.

Fica tudo escuro, tento enxergar alguma coisa, mas está tudo um breu. O lugar não tem janelas. Tremendo muito, ouço barulhos e ele virar a chave.

Minutos depois que parecem uma eternidade, o local fica iluminado. Meus olhos procuram Hassan automaticamente. Os bandidos atiram na porta.

Deus! Ofego.

— Fica longe da porta — Hassan me diz, ele parece pálido. Então ele vai ao lado de um grande arquivo. — Vem. Me ajuda a arrastá-lo. Vamos bloquear a porta.

Eu corro para o lado dele e o ajudo a empurrar o armário. Hassan está estranho, parece sem forças, então eu vejo a camisa dele com uma grande mancha de sangue no ombro.

— Oh, meu Deus! Hassan. Você está sangrando.

— Karina, depois vemos isso. Ajude-me a empurrar o arquivo, antes que eles entrem aqui.

Eu tiro forças de onde não tenho e o ajudo a empurrar o pesado armário de aço. Mas a força é quase toda de Hassan, o armário é muito pesado. Muito pesado mesmo. Eles começam a atirar com armas de grosso calibre, mas antes que eles a abram conseguimos deslocar o armário e bloquear a porta.

Hassan, de onde está, escorrega as costas no armário, até se sentar no chão.

Os bandidos começam a empurrar a porta com violência. Apavorada, eu faço força ao contrário com o corpo para que o armário não se mova do lugar. O barulho deles batendo é enorme e até chega a mover alguns centímetros do lugar.

— Oh, Deus! — digo enquanto seguro o arquivo para ele não se mover ainda mais. Relanceio meus olhos para Hassan, que ainda está no chão. Ele pisca os olhos, parece estar voltando a si novamente.

Os bandidos desistem, e eu, depois de um tempo, solto o armário. Sinto o frio reverberar em meus ossos, mas meu medo é Hassan estar gravemente ferido.

Eu me agacho ao lado dele.

— Hassan! Hassan, fala comigo — peço, com o coração entre agitado e apertado.

Solto uma lufada de ar, inquieta, e examino seu ferimento, olho atrás de suas costas. A bala não transpassou, ficou dentro de sua carne.

Deus! Isso não é bom. O risco de inflamação e infecção é grande.

Encaro Hassan com o coração apertado. Ele então abre os olhos, piscando, tentando mantê-los abertos. Eu dou graças a Deus.

— Hassan, vamos até aquele sofá.

Hassan me olha assustado.

— Você está bem?

— Eu estou, mas você não está.

— Allhamdulillah — “Graças a Deus”.

Ele me abraça forte e geme quando seu ferimento dói. Então me afasta e olha seu ombro.

— Vem, Hassan. Você consegue se levantar?

Hassan assente e, fazendo força com o outro braço, se levanta. Fica tonto, eu coloco meu braço em volta dele e o levo até o único sofá que tem nesse lugar, é de três lugares. Ele se senta.

De onde estamos, dá para ouvir o megafone da polícia. Eles estão pedindo para os bandidos se renderem.

A mancha de sangue está maior agora na camisa de Hassan, eu o encaro, aflita. Ele está muito pálido. Hassan então tira um lenço do bolso e pressiona o ferimento, que ainda sangra muito.

Ele me olha sério e me pergunta com voz fraca:

— A bala não vasou, não, né?

— Não, ela está aí.

— Você vai precisar tirá-la.

Eu assinto.

— O que eu faço?

Hassan passa os olhos pelo local.

— Procure álcool, ou alguma coisa para desinfetar, e algo pontudo para tirar a bala, acho que tem um abridor de cartas na gaveta de uma das escrivaninhas.

Eu assinto para ele. E olho o local. Ele tem vários móveis velhos e novos. Vou até uma das escrivaninhas e abro as gavetas. Não encontro nada.

— Vê se tem naquele armário. Ali guardamos alguns artigos de escritório.

Faço como ele me disse e encontro o abridor de cartas, mas nada para desinfetar. Preocupada, relanceio o olhar para Hassan. Ele está com os olhos fechados, está fraco. Meu coração se aperta em preocupação.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio